Coluna do Pablo Kossa

Azar ou sorte é só uma questão de perspectiva

Azar no jogo, sorte no amor. Azar hoje, sorte amanhã. Na verdade, acontece na vida tudo ao mesmo tempo agora

Lippy e Hardy, sorte e azar ao mesmo tempo. Foto: Reprodução
Lippy e Hardy, sorte e azar ao mesmo tempo. Foto: Reprodução

Azar por todos os lados, era tudo o que eu via nos últimos dias. O micro-ondas pifou, a geladeira começou a escorrer água, minha companheira esbarrou o carro em uma manobra e gastamos uma nota no lanterneiro, a airfryer afundou um botão do painel, o registro de gaveta do banheiro travou e deixou esse espaço sem água, nosso cachorro deu uma de Michael Phelps e resolveu se jogar na piscina e por sorte não foi pro céu canino… Putz, que zica!

Meu avô já havia me explicado logo que casei que os eletrodomésticos arregariam todos mais ou menos no mesmo período. Como a gente compra meio que na mesma leva quando monta a casa, a vida útil deles vai chegando ao fim meio que junto. Tudo certo. Mas têm coisas ali que não têm a ver com o desgaste de equipamentos. É só urucubaca mesmo. 

Não, não estou vivendo inferno astral, pois meu aniversário já se foi há alguns meses. O problema é mesmo esse encosto de coisa ruim que está jogando contra o tempo todo.

Há alguns dias estou parecendo a hiena azarada Hardy me lamuriando pelos cantos “oh, céus, oh, vida, oh, azar”. Sempre com uma nuvem preta azucrinando sobre minha cabeça por onde quer que eu vá.

Mas hoje minha sorte mudou. Cedinho, ainda antes do amanhecer, estava cuidando das plantas do jardim e sinto que o chinelo ficou ruim de pisar. Achei que fosse uma pedrinha que tinha ficado presa no solado. Arrastei a Havaiana contra o chão e nada daquele relevo incômodo soltar. 

Peguei o chinelo nas mãos e vejo que um proto milagre havia se realizado. Um prego enferrujado de bons centímetros havia perfurado o solado da chinela e, por uma sorte imensurável, adentrou justamente no encaixe da tira. Ou seja, o que era pra ter furado meu pé e me levado a um posto de saúde procurar uma antitetânica não passou do trabalhinho de pegar um alicate e tirar o prego assassino da sandália. Que sorte!

Na hora vi que minha maré havia mudado. Já me senti confiante para jogar na Mega Sena. Vai que não é um sinal de que coisas boas, muito boas estão por vir… Só torço para não tropeçar em nada e me estrebuchar no chão a caminho da lotérica.  

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução