Comportamento

Desculpe, Nasa, mas não vou focar nesse tal Cometa Verde não

Nasa diz que corpo celeste, o tal Cometa Verde, só será visto novamente da Terra daqui 50 mil anos, mas eu não me importo

Goianos poderão ver fenômeno raro “Cometa Verde” nos próximos dias (Foto: Reprodução - NASA - Dan Bartlett)

Parem as máquinas!! Um fato raríssimo está acontecendo nos céus de Goiás e você está perdendo lendo agora essas palavras efêmeras. Segundo a Nasa, desde o dia 1º de fevereiro está circulando pelos céus goianos o raro C/2022 E3 (ZTF). Sim, ele é tão raro que nem eu, nem você e 99,99% da humanidade sabe o que é isso. Explico: trata-se de um cometa esverdeado que só é visível da Terra em ciclos de 50 mil anos. É isso aí mesmo, o tal do Cometa Verde é bem mais raro do que qualquer coisa que você possa imaginar.

Vamos dar dimensão às coisas. Jesus Cristo andou por essas plagas há 2 mil anos. As pirâmides do Egito foram construídas há 4.500 anos.  Os primeiros indícios de uso da roda datam de 5.500 anos atrás. A revolução agrícola, quando a humanidade compreendeu que se plantar, esperar e cuidar dá pra colher, se deu entre 10 e 12 mil anos atrás. Ou seja, da última vez que esse Cometa Verde deu um rolê ao alcance da vista humana, a gente tinha coisa mais séria pra se preocupar do que ficar vendo corpos celestes esporádicos. Pautas urgentes como garantir a próxima caça, fugir de um predador feroz e reproduzir o quanto antes já que não vivíamos muito mais que duas décadas.

O Cometa Verde deve ser bem interessante para quem se dedica à astrofísica e demais assuntos que extrapolam as questões terráqueas. Não é o meu caso. Sabe como é, sou de Humanas. Logo, pra me interessar enquanto campo de estudo tem que ter humanos na jogada. Caso contrário, prefiro ver o filme do Pelé.

Para quem vai ficar com torcicolo de tanto olhar pro céu em busca dessa raridade astronômica, boa sorte. Aproveitem sem moderação. Pois sabe-se lá se ainda existirão olhos humanos na Terra no ano de 52.023 para assistirem uma nova passagem do C/2022 E3 (ZTF). Na toada em que estamos, não chegamos ao ano 3.000.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução – NASA – Dan Bartlett