A ilusão do corpo perfeito e da falsa felicidade através de um padrão de beleza continua a fazer vítimas.

O corpo perfeito sempre impossível

Tempos atrás, os riscos eram as revistas e programas de televisão que traziam para aos…

Tempos atrás, os riscos eram as revistas e programas de televisão que traziam para aos lares um ideal de beleza e um padrão estético já pouco alcançável naqueles tempos. Hoje, a presença incessante das redes sociais e os conteúdos compartilhados via internet são a ameaça silenciosa e constante dos novos tempos.

Recentemente, a notícia de que uma menina irlandesa – de apenas onze anos – cometeu suicídio por se achar gorda, tomou as páginas da internet e levantou, mais uma vez, o debate sobre como as meninas recebem o bombardeio de informações e imposições quanto à sua condição física.

Logo em seguida, acidentalmente, uma digital influencer brasileira que possui milhões de seguidores em suas páginas revelou que teria passado por uma cirurgia plástica, o que havia sido escondido por meses dos seus seguidores que acreditavam que a atual forma física da “personalidade” era resultado apenas de dieta e exercícios.

Foi divulgada, também, a notícia sobre a morte de uma mulher que emagreceu 45Kg em curto espaço de tempo sem o devido acompanhamento e, por consequência, desenvolveu uma série de problemas de saúde que ocasionaram a sua morte. Ao que tudo indica, a motivação para a dieta tão drástica foi um comentário de um usuário do facebook, que disse que ela jamais conseguiria algo na vida sendo obesa.

Com fatos como os relatados é preciso repensar a exposição das jovens à esse tipo de informação e também os nossos comportamentos nas redes sociais. Quando seguimos perfis que vendem milagres ou pregam um estilo/padrão de vida que não é acessível à todos estamos dando suporte para que isso influencie a nós mesmos e aos nossos jovens.

Precisamos cuidar de nossas meninas, mostrar a elas que muito do que se vende não é verdade e que seguir por esse caminho pode se tornar uma armadilha. O que se nota, contudo, é que o acesso cada vez mais facilitado e o aumento de horas em que as jovens permanecem navegando na internet é proporcional ao nível de influência que esses perfis terão sobre elas.

A internet não é o problema, já que, como foi dito, em tempos passados esse mesmo tipo de situação se apresentava através das revistas e dos programas de televisão, porém, não podemos negar que o alcance da internet é muito maior, logo, o impacto também.

Muito mais eficiente do que tentar impedir o acesso a essas informações é a conscientização dos jovens, o fortalecimento da autoestima e do respeito às diferenças, e isso só acontece quando essas práticas fazem parte do mundo real, ou seja, em casa, na escola, na família e em todos os grupos frequentados por eles.

O que se vê na internet é só o reflexo de nossas crenças, em alguns momentos exacerbadas e outros com bastante similaridade com o que de fato a sociedade pensa, assim, não adianta tratarmos essa hipervalorização da beleza como um fenômeno à parte da sociedade, pois ele é um sintoma.

E não podemos então tratar somente o sintoma sem buscar a eliminação da causa. Por isso, mais do que nunca, precisamos voltar nossos olhares para os jovens e darmos suporte para que eles cresçam valorizando suas características e respeitando o que é diferente, antes que continuemos perdendo-os para uma ilusão que teima em nos rondar, a de que é possível ter um corpo perfeito.