Cinema

Crítica: A Baleia (2022) com Brendan Fraser

Longa-metragem foi indicado a 3 Oscars - incluindo Melhor Ator para Brendan Fraser

(Foto: A24)

Quer goste ou não, o diretor Darren Aronofsky nunca entrega um filme fácil, previsível e bobo. Sempre é uma experiência cinematográfica acompanhar seus trabalhos, desde sua estreia com “Pi” em 1998 até o mais recente, e polêmico, “Mãe!” de 2017 (que eu gosto demais, diga-se).

Em “A Baleia”, Aronofsky adapta o texto teatral de Samuel D. Hunter e desenvolve um fillme que aborda temas como depressão, obesidade, casamento, como a religião afeta as pessoas e suas escolhas, paternidade, e aquele que permeia toda a narrativa: o perdão.

Na trama, Charlie (Brendan Fraser) é um professor de literatura com mais de 200 quilos que leciona direto de sua casa, e usa a desculpa da câmera quebrada para não precisar ligar a webcam em sala, e não mostrar para os alunos sua realidade. Charlie nem sempre foi um obeso mórbido, mas após a morte de seu namorado ele entrou em depressão e saiu completamente do controle com sua alimentação. Prevendo que lhe resta poucos dias de vida – já que se recusa a ir ao hospital e mudar de hábitos -, Charlie quer desesperadamente se reconectar com sua filha adolescente (Sadie Sink).

“A Baleia” é um filme centrado em um único cenário e ancorado por atuações poderosas – desde um excepcional Brendan Fraser como Charlie, passando por Hong Chao como uma enfermeira amiga que lhe ajuda sempre até Samantha Morton como a ex-esposa de Charlie – em uma cena que quebra totalmente nossas expectativas sobre sua personagem.

O longa dirigido e escrito por Aronosky é um drama meticuloso, que aproveita bem seu único cenário para desenvolver um drama angustiante e carregado de emoção, e que foge muitas vezes do pessimismo habitual de seu diretor. Apesar de todos os problemas em sua vida, Charlie ainda mantém uma visão positiva sobre o mundo, mas sua condição está tão terminal que seu objetivo é ter o perdão de sua filha e partir sem ter esta culpa lhe corroendo a alma, a culpa de um homem que deixou a família para viver um amor.

Não há pessoas perfeitas em “A Baleia” e é isto que torna a experiência muito mais humana e emocionalmente impactante. Aronosky mais uma vez entrega uma obra questionadora, analítica e emocionalmente nada fácil, uma obra devastadora sobre solidão e auto-destruição. Mas ainda assim, acompanhar Charlie em seus últimos momentos em uma jornada que em sua essência é sobre redenção, e perdão, torna o resultado memorável. Ao final, já estava em prantos e entregue completamente à atuação inesquecível de Fraser.

INDICAÇÕES AO OSCAR:

  • Melhor Ator (Brendan Fraser)
  • Melhor Atriz Coadjuvante (Hong Chao)
  • Melhor Cabelo e Maquiagem

The Whale/EUA – 2022

Dirigido por: Darren Aronosky

Com: Brendan Fraser, Hong Chao, Samantha Morton, Sadie Sink, Ty Simpkins…

Sinopse: Isolado do restante do mundo, um homem com mais de 200 quilos (Brendan Fraser) tenta se reconectar com sua filha distante enquanto lentamente se alimenta até a morte.