Cinema

Crítica: ‘Napoleão’ (2023) com Joaquin Phoenix

Longa-metragem foi dirigido por Ridley Scott, o mesmo de "Gladiador", "Falcão Negro em Perigo" e "Cruzada"

Napoleão Bonaparte é uma dessas figuras polêmicas, mas também, é uma das mais estudadas e cheias de material histórico da humanidade. Um sujeito que mudou completamente a geopolítica de sua época e colocou a França em um caminho de vitórias, e derrotas, provenientes de uma auto estima gigantesca de um sujeito, que apesar da estatura pequena, tinha um ego gigante.
Joaquin Phoenix como Napoleão Bonaparte em "Napoleão" (Foto: Apple)

Napoleão Bonaparte é uma dessas figuras polêmicas, mas também, é uma das mais estudadas e cheias de material histórico da humanidade. Um sujeito que mudou completamente a geopolítica de sua época e colocou a França em um caminho de vitórias, e derrotas, provenientes de uma auto estima gigantesca de um sujeito, que apesar da estatura pequena, tinha um ego gigante.

Como qualquer adaptação ficcionalizada, este filme “Napoleão” do diretor Ridley Scott muda certos eventos, e também inventa outros, no objetivo de criar uma experiência cinematográfica mais imersiva e empolgante. Faz parte do jogo e nenhum filme deve ser tido como verdade absoluta sobre nada. E isto está longe de ser o grande problema de “Napoleão”, pelo contrário, Scott, de fato, cria uma obra épica onde cada centavo de seus $200 milhões de orçamento são nitidamente vistos em cena. Acostumado com sequências de ação grandiosas, temos momentos visualmente inspirados e cheios daquela apoteose Hollywoodiana que nos últimos anos, infelizmente, se perdeu para com filmes que se passam em séculos passados.

No entanto, o roteiro de David Escarpa explora toda a ascensão e queda do protagonista em meras 2h40, e o resultado é um filme tão apressado que o resultado é um compilado com os principais momentos da vida de seu personagem. Tudo bem que adaptações são escolhas, mas as decisões feitas aqui fazem de Napoleão, e de sua trajetória, algo superficial e por vezes confuso sem um estofo para justificar certas atitudes. O texto salta de momentos importantes para momentos importantes da política da época, e mescla isso com o romance de Napoleão e sua amada Josefina, em um relacionamento também construído de um jeito ligeiro, pouco convincente e completamente oscilante na concepção das emoções envolvendo o casal (Josefina muda de personalidade para com o marido por pura conveniência de roteiro).

Scott revelou que o corte original de seu “Napoleão” possui quatro horas e que tal versão será lançada no Apple TV+ após sua exibição nos cinemas. Provavelmente, muitas das coisas apressadas e mal explicadas aqui ficarão melhor trabalhadas no corte do diretor, e talvez, até algumas cenas de ação irão ganhar mais estofo dramático do que as vistas nesta versão de cinema. Apesar de toda a grandiosidade das batalhas apresentadas no longa, elas sofrem com a pressa do roteiro e tornam-se apenas recortes rápidos da vida de um homem. Ao fim, o Napoleão de Ridley Scott não mudou nada, continua o mesmo personagem do começo e os motivos por ter sido tão ovacionado na época, e também odiado depois, não são explicados para o público.

Não me entendam erroneamente, “Napoleão” não é um filme ruim, mas é uma obra longe de seu verdadeiro potencial. Ao fim da sessão, a sensação é a de um filme visualmente lindo e tecnicamente excelente, mas com um roteiro raso que não fala muito sobre quem foi, e como foi, a vida, e principalmente o governo, de Napoleão Bonaparte. Infelizmente.