ESPECIAL

320 mil pessoas dependem de doações para sobreviver durante a pandemia em Goiás

Um levantamento da Central Única de Favelas (Cufa) mostra que com a pandemia do novo…

Segundo pesquisa da Cufa. 320 mil pessoas em Goiás precisam de doações para sobrevivier. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Um levantamento da Central Única de Favelas (Cufa) mostra que com a pandemia do novo coronavírus,  a fome se agravou em todo o Brasil, principalmente nos bairros mais afastados e nas comunidades. Segundo a pesquisa, 80% da população dessas áreas depende de doações para alimentar a família. Segundo o coordenador da Cufa Goiás, Breno Cardoso, o estudo também envolveu as famílias em desfavorecimento social no Estado e constatou que das 400 mil pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no território goiano, 320 mil não sobreviveriam sem a ajuda de terceiros

“É uma situação de extrema dificuldade. Hoje temos 400 mil goianos que vivem com até dez reais por dia. Oito em cada dez deles só está conseguindo se manter porque está recebendo ajuda”, afirma Breno. 

O representante da Cufa em Goiás destaca que em 2021 a situação da fome no Estado piorou devido a paralisação do pagamento do auxílio emergencial e o agravamento da pandemia. “A gente tinha a expectativa de que as coisas fossem melhorar neste ano. Mas vimos o fim do auxílio, novas variantes surgindo, pessoas desempregadas e a fome aumentando”, relatou. 

A diminuição no número de doações também foi um fator que afetou diretamente a vida das pessoas menos favorecidas. “No início da pandemia, era uma situação nova, houve uma comoção maior. Tivemos um “ boom” de arrecadações, conforme o tempo foi passando muita gente deixou de doar”.

A dona de casa Clélia Lopes da Silva sentiu de perto as doações irem reduzindo e, no momento,, ela conta apenas com a ajuda de um projeto da igreja para se alimentar. “Nós recebemos até muita ajuda aqui. O pessoal passava na rua, dava uma verdura, uma refeição, mas o povo sumiu tudo, agora só tem uma pastora que me ajuda. Ontem mesmo quando ela chegou quando eu não tinha nem lanche para dar para as minhas duas meninas”.

Sem as doações, Clélia conta que sua família estaria passando fome. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Com o marido desempregado, a mulher afirma que os alimentos doados são essenciais para que ela e sua família não passem fome. “Meu esposo consegue um bico aqui, outro ali, mas sem a ajuda não teria como. A gente não teria o que comer”, disse Cléia. 

O projeto o qual a dona de casa menciona é coordenado pela pastora Jainizlei dos Santos. Ela que já trabalhava com a arrecadação e entrega de cestas básicas antes da pandemia, percebeu que com a chegada do coronavírus houve uma necessidade maior de ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Jainizlei percebeu que com a chegada da pandemia mais pessoas começaram a passar necessidades. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

“Eu comecei a receber muitas mensagens de gente falando que estava passando fome e o número de famílias só ia crescendo. Mas sabe o que é incrível? Não só empresários nos ajudam, mas, às vezes, uma pessoa que nem trabalhando está, mas me manda mensagem falando que tem um sal, um pacote de arroz para doar”, relata Jainizlei.

Francylene Araújo também conta com o apoio da pastora e de outras pessoas para sobreviver. A mulher que é mãe de três filhos e está grávida perdeu seu companheiro para Covid-19 há um mês. A situação que já estava difícil, ficou ainda pior. “Eu estou desempregada e só estou vivendo com ajuda de pessoas queridas. É luta viu, só entregando nas mãos de Deus mesmo”, desabafou.

Francylene está grávida e perdeu o companheiro para a Covid-19. Ela vem sobrevivendo com ajuda de terceiros. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Projeto Mães de Favela 

A Cufa lançou o Projeto Mães de Favela que visa a dar auxílio às mulheres solteiras com filhos e chefes de família que residem em favelas e têm tido dificuldades financeiras nesse período de pandemia da Covid-19. Por meio dessa iniciativa, alimentos e dinheiro são arrecadados. 

Breno explica que muitas mulheres recebiam as cestas básicas, mas enfrentavam dificuldade para comprar remédios e fraldas, por exemplo. “A gente viu que a carência não era só de comida, por isso as instituímos um vale. Ele permite que elas possam realizar compras em farmácias e supermercados” esclareceu o coordenador da Cufa Goiás.

Breno faz entrega de doações arrecadadas pelo Projeto Mães de Favela. (Foto: divulgação)

No Estado, o projeto já distribuiu 99.200 cestas básicas e 4.100 vales-mães.

Doe

Para contribuir com as famílias das periferias, por meio das ações humanitárias da CUFA GO, basta acessar o link: http://maesdafavela2021.cufago.com.br/

Para ajudar no projeto da pastora Jainizlei dos Santos.ligue:  62 99166-7620.

Bolsa Família

A Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), do governo estadual, incluiu, desde março de 2020, 41 mil famílias no Bolsa Família. Os novos beneficiários começaram a receber, em média, R$ 159,32 cada e permanecerão no programa após a pandemia. 

Dentre outras medidas tomadas para auxiliar as famílias em vulnerabilidade social durante o isolamento social, a pasta informou que comprou cerca de 500 mil cestas básicas, com valor total de R$ 30 milhões, que foram distribuídas pela Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). Além disso, mais de 100 mil famílias foram inseridas no programa Tarifa Social de Energia Elétrica, em parceria com a Enel.

Equipes do desenvolvimento social também visitaram 50 municípios que abrigam comunidades quilombolas e comunidades tradicionais para levar máscaras, álcool em gel, e reforço de cestas básicas.  levou assistência aos 246 municípios goianos desde a chegada da pandemia de Covid-19. No total, a pasta já liberou R$ 80 milhões, entre investimentos já realizados e autorizados, para ajudar a população vulnerável dos  246 municípios do Estado. 

O secretário de Estado do Desenvolvimento Social, Welington Matos de Lima, destacou que mais 250 mil cestas devem ser distribuídas no território goiano. “O Governo de Goiás  garantiu ainda o repasse de R$ 28 milhões para as prefeituras, concretizando o maior volume financeiro para Assistência Social no Brasil, no intuito de amenizar os impactos da pandemia. Continuaremos trabalhando incessantemente, unindo forças, em prol dos goianos”, completou o gestor.