VIOLÊNCIA NO CAMPO

Agricultores denunciam cerco paramilitar que os impede de acessar assentamento onde vivem, em Formosa

As famílias do Acampamento Dom Tomás vivem e produzem nestas áreas há mais de sete anos.

Famílias assentadas no Acampamento Dom Tomás Balduíno, em Formosa, no Entorno do Distrito Federal, denunciam que estão sob cerco de um grupo paramilitar nesta segunda-feira (26). Segundo a denúncia, o grupo impede que as famílias acessem área para cadastramento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Os moradores relatam que se tratam de funcionários da fazenda, acompanhados de homens fortemente armados, que ameaçam as famílias das áreas 1 e 3. Famílias tentam seguir à área 2, onde o INCRA realiza recadastramento das famílias no sistema de beneficiários.

Os moradores dos assentamentos também relatam que, no último sábado (24), sofreram abordagem truculenta por parte de forças policiais do governo do estado de Goiás, que fizeram cerco na entrada do acampamento, impedindo famílias que vivem na área há mais de sete anos de ter acesso às suas casas.

Durante a ação policial, nenhum documento judicial foi apresentado à comunidade.

Histórico

As famílias do Acampamento Dom Tomás vivem e produzem nestas áreas há mais de sete anos. Elas foram instaladas nas fazendas pelo próprio INCRA devido a avançado processo de desapropriação para Reforma Agrária.

No entanto, as famílias apontam que houve a paralisação da Política Nacional de Reforma Agrária desde o governo Michel Temer (MDB), em 2016, e ao longo do governo Jair Bolsonaro (PL). Com isso, o processo de desapropriação da fazenda não caminhou. Além disso, o proprietário morreu e a comunidade ficou sem para onde ir, exposta a diversas violências, supostamente financiadas pelos herdeiros das fazendas.

As propriedades devem milhões a bancos públicos e o dinheiro de sua venda possivelmente não pagaria o valor das dívidas com o poder público.

Em nota, a Polícia Militar de Goiás informa que tomou conhecimento da situação e que juntamente com a promotoria do município está averiguando realmente do que se trata. “A fim de que possa garantir aos presentes no local as medidas legais necessárias para garantir a preservação da ordem e a segurança de todos os envolvidos, atuando sempre em consonância com o ordenamento jurídico”, informa.