Viagens

Apertem os cintos, o piloto sumiu: falta de tripulantes e aviões faz empresas reduzirem oferta até de voos cheios

Lufthansa vai reduzir oferta de voos entre Rio e Munique mesmo com ocupação de mais de 90% em razão da falta de profissionais

Petrobras reduz preço do combustível de aviação em 5,71% em dia de alta internacional
Petrobras reduz preço do combustível de aviação em 5,71% em dia de alta internacional (Foto: Freepik)

A alemã Lufthansa acaba de bater um ano de operação do voo direto operado entre o Rio de Janeiro e Munique, saindo do aeroporto internacional do Galeão. Nesse período, transportou mais de 124 mil passageiros na linha, com ocupação superior a 90%. E agora, a partir do fim deste mês, a companhia vai… reduzir a oferta de cinco para três frequências semanais.

A decisão, aparentemente contraditória, é efeito da falta de pilotos, tripulantes e aviões na retomada da malha aérea no pós-pandemia. Ao todo, o grupo recompôs em quase 85% sua oferta.

—Há grande demanda de passageiros de lazer e de negócios na rota Rio-Munique, ida e volta. Mas, com a sazonalidade, tivemos de reduzir a capacidade porque não temos aviões nem tripulantes suficientes. Não é um problema de demanda ou de mercado — explica Stephan Kreuzpaintner, vice-presidente sênior e representante corporativo do Grupo Lufthansa em Munique.

Ou seja, em um momento de demanda aquecida no pós-Covid — vide o preço das passagens aéreas nas alturas — as companhias vão ajustando suas malhas de voos num grande jogo de rouba-montes.

— Olhamos para potencial e capacidade. Nos destinos, é importante ainda a conectividade do aeroporto — diz ele, afirmando operar sem problemas no aeroporto do Galeão.

Conectividade é palavra chave nesse jogo. O Galeão segue crescendo no internacional, com 75% da malha de voos de antes da pandemia reativados. Já no doméstico — que é a rede de rotas que permite distribuir passageiros pelo país — esse percentual está em 40%

— Essa reestruturação de voos ou navios é feita regularmente. E países com fluxos maiores saem na frente. A demanda está aquecida, falta produto para vender. Mas o lugar que sofre redução perde receita — diz Magda Nassar, presidente da Abav, que reúne as agências de viagens do país.

O que acontece agora é uma espécie de versão mundial do apagão aéreo experimentado no país quando a Varig saiu do mercado. Demorou até que as empresas concorrentes daquela que era então a maior voadora do Brasil conseguissem suprir a lacuna de oferta aberta no mercado brasileiro.

Na pandemia, a aviação parou. Aviões foram devolvidos; tripulantes, demitidos ou aposentados. Com a Covid sob controle, a demanda decolou com o “turismo da vingança”, com as pessoas ávidas por compensar o tempo paradas.

A Lufthansa passou de uma frota de 740 aviões antes da pandemia para 650 agora. A aérea tem 25 aviões encomendados de Boeing e Airbus, mas diversos estão em atraso, diz o executivo.

Kreuzpaintner afirma que a companhia trabalha para ampliar a frota e a equipe:

— Vamos retomar as frequências e ampliar oferta assim que possível. Avaliamos inclusive reativar a linha São Paulo-Munique.

Da capital paulista, a Lufthansa voa para Frankfurt e Zurique, na Suíça.