Eleições

Após passar mal ao vivo na TV, Erdogan cancela agenda eleitoral na Turquia

Com infecção intestinal, o líder agora se vê em uma situação delicada com pesquisas

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan cancelou, pelo terceiro dia consecutivo, sua agenda de compromissos oficiais nesta sexta-feira, devido ao que autoridades descreveram como uma infecção no intestino. A poucas semanas das eleições turcas de 14 de maio, o mandatário, no poder há 20 anos, agora se vê em uma situação delicada com pesquisas apontando que seu principal rival, líder do maior partido de oposição turco, detém ligeira vantagem na disputa, pondo em risco seu plano de buscar um terceiro mandato presidencial.

A primeira vez que o presidente passou mal foi na última terça-feira, durante uma entrevista ao vivo a um canal de televisão, que precisou ser interrompida repentinamente. Após o ocorrido, o ministro da Saúde, Fahrettin Koca, afirmou que se tratava de uma “infecção gastrointestinal” e, na sequência, todos os compromissos eleitorais de Erdogan, planejados para quarta e quinta-feira, foram cancelados.

Porém, nesta sexta-feira, Erdogan teve sua agenda suspensa mais uma vez. O presidente deveria ter comparecido presencialmente à inauguração de uma ponte e a um comício político na cidade de Adana, no Sul do país. Devido ao seu estado de saúde, no entanto, a participação foi realizada via videoconferência, diretamente da sede da Presidência em Ancara.

Essa não foi a primeira vez que o líder turco usou desse recurso para cumprir agenda eleitoral nos últimos dias. Na quinta-feira, Erdogan também fez uma aparição por vídeo durante a inauguração de uma usina nuclear, em sua primeira aparição pública após ter sido confirmada sua condição de saúde atual. De acordo com o Al Jazeera, o presidente, que já passou por uma cirurgia intestinal em 2011, parecia pálido e indisposto na ocasião.

Os recentes cancelamentos alimentaram inúmeros rumores nas redes sociais sobre o estado de saúde do líder, que foram prontamente dissipados por autoridades do governo turco. Segundo o diretor de comunicação da Presidência turca, Fahrettin Alttin, os boatos sobre a saúde do líder conservador de 69 anos não passam de “informações infundadas”.

As eleições de 14 de maio são fundamentais para o presidente Recep Tayyip Erdogan e sua sigla, o Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP, no poder há duas décadas). Com a popularidade em baixa, o mandatário, que tentou adiar o pleito para 2024, tem sido alvo de críticas severas até mesmo entre eleitores fiéis em redutos historicamente conservadores desde que um terremoto de 7,8 de magnitude atingiu o país e a Síria, deixando mais de 46 mil mortos só na Turquia, em 6 de fevereiro.

A oposição, por sua vez, apresenta uma frente unida de seis partidos que nomearam um único candidato à Presidência, Kemal Kılıçdaroğlu — líder do Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), que conta com o apoio do Partido Democrático dos Povos (HDP), a terceira força política no país e a segunda força de oposição no Parlamento.