Aspartame: adoçante pode causar problemas de memória, diz estudo
Efeito prejudicial do adoçante artificial no sistema nervoso é hereditário
Cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual da Flórida, nos EUA, descobriram que o aspartame, um adoçante artificial usado como substituto do açúcar, pode prejudicar a aprendizagem e a memória. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recentemente classificou o aspartame como “possivelmente cancerígeno”, enquanto agências de saúde como a FDA dos EUA e a Anvisa afirmam que o atual nível de consumo é seguro.
No entanto, este novo estudo apresenta resultados contrários. Camundongos machos que consumiram aspartame em doses significativamente mais baixas do que as consideradas seguras mostraram problemas de aprendizagem e memória em suas descendências. Esses problemas não foram observados no grupo de controle que não foi exposto ao adoçante.
Essas descobertas seguem um estudo anterior de 2022 da mesma equipe que relacionou o aspartame a um comportamento de ansiedade transmitido por duas gerações.
Em um experimento de 16 semanas, um grupo de ratos bebeu água com 7% da dose máxima considerada segura pela FDA, equivalente a dois refrigerantes diet por dia, enquanto outro grupo recebeu uma dose mais alta de 15%. O grupo de controle bebeu apenas água. Os ratos foram submetidos a testes cognitivos em várias semanas, com o teste final exigindo que eles aprendessem a encontrar uma “caixa de fuga segura” entre 40 opções em um espaço circular.
Os resultados, publicados na revista Scientific Reports, mostraram que os ratos do grupo de controle aprenderam rapidamente a tarefa, enquanto aqueles que consumiram aspartame, tanto no grupo de 7% quanto no de 15%, levaram mais tempo.
Quando machos expostos ao aspartame se reproduziram com fêmeas não expostas, seus filhotes também mostraram problemas semelhantes de aprendizagem e memória na primeira geração.
Aspartame afeta o cérebro
Os pesquisadores acreditam que o aspartame afeta o cérebro e o comportamento de várias maneiras, incluindo alterações na sinalização dos neurotransmissores glutamato e GABA, aumento do estresse e ansiedade.
É notável que esses problemas tenham sido transmitidos para a primeira geração de ratos, mas não para a segunda. O próximo passo é investigar as mudanças epigenéticas induzidas pelo aspartame nos espermatozoides.
Em vista desses resultados, os pesquisadores concluem que “os efeitos adversos do aspartame no comportamento podem ser mais generalizados do que se pensava, e as avaliações de segurança devem considerar os possíveis efeitos nas pessoas diretamente expostas e em suas futuras gerações”.
Estudos anteriores também relacionaram o aspartame a outros problemas de saúde, incluindo distúrbios no microbioma intestinal, regulação do açúcar no sangue, ganho de peso e risco aumentado de doenças metabólicas, cardiovasculares e câncer.
O aspartame foi aprovado para uso em adoçantes de mesa em 1981, refrigerantes dietéticos em 1983 e outros produtos em 1996. Atualmente, é usado em mais de 6 mil produtos em todo o mundo, incluindo pasta de dente e vitaminas.
Embora a quantidade considerada segura (Ingestão Diária Aceitável – IDA) tenha sido estabelecida em 1980, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) recomenda que a população evite o consumo de adoçantes artificiais devido às preocupações com a saúde. Eles sugerem uma alimentação baseada em alimentos naturais e minimamente processados, com limite em alimentos ultraprocessados.
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