Expansão

Até 2025, 70 mil empresas deverão se instalar no eixo Goiânia-Anápolis-Brasília, aponta estudo

As rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que ligam a cidade de São Paulo a Campinas, no…

As rodovias Anhanguera e Bandeirantes, que ligam a cidade de São Paulo a Campinas, no interior paulista, são as grandes artérias por onde circula a produção de um dos principais corredores econômicos do Brasil.

Elas ilustram o que os especialistas chamam de eixo de desenvolvimento: uma área formada por cidades cujas economias progridem e se reforçam mutuamente, fazendo a região crescer mais rapidamente do que se cada uma delas tivesse de se virar sozinha.

Nas últimas décadas, diversos corredores de desenvolvimento se formaram no país — como o do Rio de Janeiro a Campos dos Goytacazes, estimulado pelo avanço da exploração do petróleo, e os que cortam áreas industriais tradicionais, como o trecho catarinense de Joinville a Florianópolis e o território gaúcho de Porto Alegre a Caxias do Sul.

A boa notícia: há novos corredores de riqueza emergindo. Um levantamento da consultoria Urban Systems, feito com exclusividade para EXAME, mostra os dez principais eixos econômicos no Brasil e, entre eles, os de desenvolvimento mais recente. Juntos, eles geram 37% do produto interno bruto, uma parcela 5 pontos percen­tuais superior à que tinham em 2007.

Há países em que a criação de corredores econômicos faz parte da estratégia de desenvolvimento. Há oito anos, a Malásia deu partida a um plano para aplicar 348 bilhões de dólares na criação de cinco eixos econômicos até 2030 e, assim, reduzir a dependência da capital, Kuala Lumpur.

Neste ano, a Índia anunciou que vai investir 30 bilhões de dólares para reforçar as ligações econômicas entre Mumbai, área financeira e portuária, e Bangalore, onde existe um polo tecnológico. Em alguns casos, regiões e países diferentes se unem para planejar em conjunto.

Um exemplo é o eixo formado desde 2000 com a construção de uma ponte que liga a região metropolitana de Copenhague, na Dinamarca, às cidades de Malmo, Lund e Helsingborg, na Suécia. Hoje, um terço dos novos negócios abertos nos dois países aflora no eixo.

“As cidades passam a cooperar quando percebem que, juntas, ganham mais do que separadas”, diz Hazem Galal, líder global da área de cidades da consultoria PwC. “As iniciativas de colaboração entre governos de regiões distintas nem sempre são fáceis.”

No Brasil, os corredores até agora surgiram sem planejamento. As molas propulsoras são o crescimento das cidades médias e a desconcentração industrial.

“Muitas empresas passaram a migrar das metrópoles para cidades menores em busca de custos mais baixos”, diz Thomaz Assumpção, presidente da Urban Systems. “A preferência é por lugares onde se mantém a sinergia com o grande centro.” A seguir são destacados quatro dos mais promissores eixos do Brasil.

Eixo Goiânia-Anápolis-Brasília

Outras cidades do eixo: Abadiânia, Alexânia, Anápolis, Brasília, Goianápolis, Goiânia, Santo Antônio do Descoberto e Teresópolis de Goiás

Desde 2009, mais de 31 000 empresas foram abertas nas oito cidades do corredor de riqueza formado por Goiânia, Anápolis e Brasília. Outras 70 000 deverão se juntar a elas até 2025, segundo estimativas da Urban Systems.

É, de longe, o maior polo de atração de novos negócios entre os dez principais eixos de desenvolvimento brasileiros. Quais são as causas desse surto de empreendedorismo no Centro-Oeste?

Na prática, esse corredor é uma amostra de como cidades com economias complementares podem se aproximar para impulsionar o desenvolvimento.

Enquanto Anápolis se consolidou nos últimos anos como um ­centro industrial, Goiânia continua atraindo negócios relacionados à vocação original da região, baseada na produção de carne e de grãos — nela estão grandes companhias, como a JBS Friboi e a Cargill Agrícola. Brasília, uma das cidades com maior PIB per capita do Brasil, garante à mistura um poderoso centro de consumo.

Em boa medida, o surgimento de novas empresas se deve à presença da capital federal. Brasília irradia estradas que garantem o acesso a mercados em expansão, como o Norte e o Nordeste, além do próprio Centro-Oeste. Anápolis também é um entroncamento.

Ali se cruzam duas rodovias e fica o ponto de integração das ferrovias Norte-Sul e Centro-Atlântica, recém-inaugurado. O aeroporto local está em fase final de reforma. Mais amplo e moderno, vai se dedicar principalmente ao transporte de cargas.

A localização no centro do país foi um dos aspectos que atraíram pioneiros como o empresário Ildefonso Limírio Gonçalves. No fim dos anos 80, ele transferiu de São Paulo para Anápolis a sede do laboratório farmacêutico Neo Química — há cinco anos, a empresa foi comprada pela Hypermarcas. O tempo mostrou que ele estava certo.

Com uma boa ajuda de incentivos fiscais do governo goiano, atualmente há em Anápolis um polo farmacêutico que reúne 39 empresas, como Teuto e Geolab.

Mais recentemente, a economia se diversificou. Desde 2007, a montadora Hyundai Caoa investiu 1,8 bilhão de reais em Anápolis. “No eixo Anápolis-Goiânia-Brasília está se formando uma nova fronteira industrial”, diz o governador de Goiás, Marconi Perillo.

Leia a matéria completa publicada na revista Exame