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China não descarta uso da força para reunificar Taiwan, diz principal autoridade do país

A caminho de seu terceiro mandato, Xi Jinping reforçou neste domingo (16), dia em que se…

China não descarta uso da força para reunificar Taiwan, diz principal autoridade do país (Foto: Reprodução/Youtube)
China não descarta uso da força para reunificar Taiwan, diz principal autoridade do país (Foto: Reprodução/Youtube)

caminho de seu terceiro mandato, Xi Jinping reforçou neste domingo (16), dia em que se inicia o 20º Congresso do Partido Comunista Chinês, o discurso que tem adotado em relação a Taiwan. Disse que o objetivo é promover a reunificação pacífica com a ilha —mas que Pequim não abandona a possibilidade de usar a força.

“Resolver a questão de Taiwan é assunto do próprio povo chinês, e cabe ao povo chinês decidir”, disse o dirigente em uma mensagem voltada para a comunidade internacional, notadamente os Estados Unidos. “E reservamos a opção de tomar todas as medidas necessárias para isso.”

A ilha —que, apesar de independente na prática, é considerada uma província rebelde por Pequim— esteve no centro de uma tensão geopolítica no início de agosto agosto, após a presidente da Câmara dos EUA, a democrata Nancy Pelosi, visitar a região, em uma medida que desagradou inclusive correligionários.

O regime de Xi, após a ida da democrata, realizou uma série de exercícios aéreos ao redor de Taiwan, no que Taipé descreveu como simulações de ataques a seu território. O governo da ilha rechaça a possibilidade de uma guerra com a vizinha continental, mas também diz que não dará nenhum passo atrás na democracia.

Para Pequim, a reunificação também é vista como parte fundamental para o plano de rejuvenescimento nacional, objetivo da gestão de Xi. “A reunificação da pátria será alcançada”, frisou ele neste domingo.

E seguiu: “Temos empenhado uma luta contra o separatismo e a interferência e demonstrado como a nossa determinação e capacidade de proteger a soberania nacional e a integridade territorial e nos opor à independência de Taiwan”.

Taipé respondeu aos comentários. O gabinete presidencial da ilha disse que a região é um país soberano e independente. “A posição de Taiwan é firme: não recuar na soberania nacional e não comprometer a democracia; um encontro no campo de batalha absolutamente não é uma opção para os dois lados”, afirmou, em nota.

Mais cedo, falando a jornalistas, o premiê taiwanês, Su Tseng-chang, sancionado por Pequim por ser considerado um separatista, disse que Xi Jinping deveria se concentrar em seu próprio povo. “Ele deveria prestar atenção na fumaça e nas faixas de protesto na ponte Sitong, em Pequim, em vez de pensar em usar a força para lidar com Taiwan.”

O premiê se referia a um raro protesto contra Xi e contra as restrições impostas por Pequim para conter o avanço do coronavírus. O episódio foi registrado na quinta-feira (13), quando faixas que chamavam Xi de traidor e ditador foram colocas em uma ponte —e prontamente retiradas pelas forças de segurança.

Pouco antes de ter início o congresso do PC Chinês, um porta-voz do partido adotou linha semelhante à de Xi: disse que, enquanto houver chance, Pequim fará o “seu melhor” para resolver pacificamente a questão de Taiwan e que “meios não pacíficos” serão o último recurso.

Também afirmou, segundo relato do South China Morning Post, que a independência de Taiwan é uma espécie de beco sem saída, com chances nulas.

Taiwan é considerada pelos principais institutos internacionais que monitoram o nível de liberdades locais como uma democracia liberal e um país livre. A americana Freedom House descreve a ilha como um sistema democrático vibrante e competitivo, que permitiu três transferências pacíficas de poder entre partidos rivais desde 2000.