ANÁLISE

Cidade no ES começa a vacinar voluntários com meia dose da AstraZeneca para estudo

A cidade de Viana, na região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, iniciou a vacinação…

Terceira dose da AstraZeneca aumenta proteção contra Ômicron, diz estudo
Foto: Divulgação - Prefeitura de Goiânia

A cidade de Viana, na região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, iniciou a vacinação em massa de pessoas de 18 a 49 anos na manhã deste domingo com meia dose do imunizante contra a Covid-19 de Oxford/AstraZeneca. A iniciativa faz parte de um estudo do Governo do Espírito Santo e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), com participação voluntária, para avaliar a eficácia da dose fracionada.

A cidade tem 79 mil habitantes, e 35 mil deles fazem parte da faixa etária que pode receber a vacina. A meta do estudo é que 85% do público-alvo seja vacinado neste domingo, somando mais de 29 mil pessoas.

Os vacinados serão monitorados. Um grupo de 600 pessoas, escolhidas aleatoriamente, será convidado para coleta de sangue, que irá avaliar a capacidade de a meia dose gerar anticorpos contra o novo coronavírus.

Os voluntários receberão a segunda dose no mesmo intervalo adotado para a dose padrão, que é de 90 dias.

A vacinação acontece de 8h às 17h, em 35 locais e 178 salas de vacinação. A auxiliar administrativo Luciana Silva de Almeida, 25 anos, é moradora de Vila Bethânia e recebeu a dose fracionada da vacina nesta manhã.

— Estou bem animada sobre a vacinação. Estou com a expectativa altíssima que esse estudo dê o melhor resultado possível de uma solução para a sociedade. A meu ver, tudo isso que vamos vivenciar é a demonstração do desenvolvimento do município, que gera pontos também para o estado e para o país. A população vianense está em prol do desenvolvimento, aberta a novas mudanças e com força de vontade para vencer esse vírus — disse ela, ao G1.

Até a noite deste sábado, 16 mil moradores estavam inscritos para fazer parte do estudo. O prefeito do município, Wanderson Bueno (PODE), informou que quem não agendou também pode comparecer a um dos locais de vacinação e receber a primeira dose do imunizante.

As 15 mil doses para o estudo foram doadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde.

A primeira etapa do estudo aconteceu neste sábado, quando um grupo de 242 participantes tiveram uma amostra de sangue recolhida e receberam meia dose da vacina da AstraZeneca.

Objetivo do estudo de Viana

O chamado “Projeto Viana” é um estudo científico denominado “Efetividade, Segurança e Imunogenicidade da Meia Dose da Vacina ChAdOx1 nCoV-19 (AZD1222) para Covid-19”. Ele avaliará a capacidade de metade da dose padrão (0,25 ml) da vacina da AstraZeneca reduzir o número de casos de Covid-19 na cidade de Viana.

A iniciativa combina vacinação em massa com dose ajustada, acompanhamento da resposta imune e sequenciamento genético do novo coronavírus.

A Covid-19 é uma doença produzida por um vírus que se transmite de uma pessoa para outra, principalmente pela respiração, com alto poder de infectar as pessoas. A maneira mais eficiente para prevenção dessa doença, assim como outras doenças produzidas por vírus, é a vacinação da população.

Tendo em vista a escassez de vacina para todos, o Brasil começou a imunização por grupos prioritários. Assim, para conseguir vacinar o maior número possível de pessoas, o “Projeto Viana” tem o objetivo de verificar se a aplicação de uma dose ajustada (meia dose) da vacina AstraZeneca é capaz de evitar que as pessoas tenham Covid-19 e, principalmente, se é capaz de evitar casos graves da doença.

A comprovação da eficácia desse esquema poderá dobrar a capacidade de vacinação com a mesma quantidade de ingrediente farmacêutico ativo.

Toda a população adulta de 18 a 49 anos da cidade que não faz parte de grupos prioritários estabelecidos no Plano Nacional de Imunização (PNI) pode participar, de forma voluntária.

Estudos de vacinação em massa

Outras cidades brasileiras também participaram de estudos de vacinação em massa contra a Covid-19.

A cidade de Serrana, no interior de São Paulo, foi escolhida para o estudo conduzido pelo Instituto Butantan, no qual apostou numa campanha de vacinação em massa contra a Covid-19 com a CoronaVac.

O município com 45 mil habitantes tinha um alto índice de contágio, que pôde ser controlado após 75% da população ser imunizada. De acordo com os dados da pesquisa, logo depois do fim da vacinação, o índice de mortes caiu 95%.

Um experimento semelhante está sendo realizado na cidade de Botucatu, também em São Paulo, mas com a vacina de Oxford/AstraZeneca.

A imunização de cerca de 80 mil pessoas servirá para cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade de Oxford avaliarem os efeitos no mundo real do imunizante. A primeira dose foi aplicada em maio e os resultados devem ser completados em até seis meses.