CHEGOU AO FIM

Economistas de Goiás divergem sobre prorrogar auxílio

O auxílio emergencial terminou, oficialmente, na quarta-feira (27), com um último pagamento para 196 mil…

Economistas divergem sobre prorrogação do auxílio emergencial
Economistas divergem sobre prorrogação do auxílio emergencial

O auxílio emergencial terminou, oficialmente, na quarta-feira (27), com um último pagamento para 196 mil pessoas, que contestaram a suspensão ou a negativa do auxílio nos meses de novembro e dezembro. Em Goiás, entre abril e dezembro, foram R$ 9,9 bilhões em benefícios transferidos pela caixa – no País, R$ 292,9. Em uma conta superficial, mensalmente, deixa de circular cerca de R$ 1,1 bi por mês no Estado. Sobre a sequência ou não do recurso, economistas divergem.

Apesar de entender que pela ótica das famílias é uma perda, o advogado tributarista e economista Danilo Orsida afirma que para o governo representa um aumento de gastos diante de uma crise econômica. “É preciso saber até onde o Estado tem capacidade de endividamento com essa política de transferência de renda.”

“A política, como diz o nome, veio como auxílio emergencial. Nesse contexto, o prolongamento pode impactar negativamente. Vale lembrar que o próprio Estado de Goiás busca entrar no regime de recuperação fiscal, mesmo antes da pandemia”, explica. “Brasil não tem fôlego para aumentar essa despesa, transformando em política contínua.”

Causa complexa

Para ele, contudo, trata-se de uma causa complexa. A favor de políticas sociais e assistenciais, Danilo afirma que é papel do governo diminuir as desigualdades, principalmente em um país que concentra renda, como o Brasil.

“Então, é preciso pensar em medidas de qualidades de gasto com o dinheiro público. E isso passa pelas reformas Administrativa e Tributária. É impensável ver despesas milionárias com gastos supérfluos”, elabora. “Se tivéssemos equilíbrio maior nas contas, certamente a prorrogação do auxílio emergencial seria mais fácil de implantar.”

Vertentes

A economista e mestre e doutora na área, Andreia Magalhães, divide a questão em vertentes. “Uma pelo lado social, das pessoas que ainda não se recolocaram de algum modo no mercado de trabalho e vão sofrer pela falta do auxílio que era o subsídio integral de muita gente no País; e outra da ausência do recurso na economia.”

Segundo ela, por vários meses esses bilhões de reais fizeram com que o comércio se movimentasse e se autossustentasse. “A leitura que se faz do mercado é de uma instabilidade de preços que ocorre para cima (valores altos/inflação) com produtos da cesta básica, que via de regra, não tem substitutos. Então, diante dessa perspectiva, é óbvio que o mercado de maneira gradativa poderá sentir a ausência desse recurso, apesar do aumento dos preços poderem camuflar parte significativa desse montante”, acredita.

Segunda onda da Covid

Acerca da Covid-19, ela acredita que, se a segunda onda não for compreendida na sua totalidade tanto pelos cidadãos que tem como responsabilidade seguir todas as regras já apontadas como neutralizadoras da disseminação do vírus bem como dos gestores públicos em agilizar a única saída para tal situação – que seria a vacina -, pode haver necessidade cada vez maior de inibir o comércio.

Então, “provavelmente teremos uma elástica e triste mitigação de comércio. Tanto os menores, porque não conseguirão se sustentar, como os outros que estão lutando para se fazer valer”.

Desta forma, ela avalia que, neste momento sensível, o auxílio é, ainda, uma saída socioeconômica viável para as pessoas que estão desprovidas de qualquer aparato financeiro. “Por outro lado, teria que haver investimento do governo em geração de emprego e renda. Agora, se os cofres públicos por um lado não estão em condição tão favorável, se houvesse a revisão do auxílio, ainda que para baixo em sua contribuição, já seria de grande valia para o cidadão, para o mercado e para a economia aquecer nesse momento de crise sanitária”, finaliza.