REFLEXOS DA REFORMA

PIB goiano pode sofrer perda acumulada de até R$ 100 bilhões nos próximos dez anos

Erik Figueiredo, diretor-executivo do Instituto Mauro Borges, diz que projeção é 'conservadora' e que cenário pode ser ainda pior

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Foto; José Cruz/ Agência Brasil

O diretor-executivo do Instituto Mauro Borges (IMB), Erik Figueiredo, contesta os dados divulgados por veículos de comunicação nesta terça-feira (11) que apontam benefício da maioria dos municípios goianos com a aprovação da reforma tributária. O estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que baseou as matérias é antigo e fazia projeção de um aumento de 20% sobre o Produto Interno Bruto (PIB) nacional.

No entanto, um novo levantamento publicado pelo Ipea às vésperas da votação, no dia 6 de julho, mostrou que o crescimento nacional chegaria a apenas 2,39%. A mesma nota projetava que, com o substitutivo da PEC 45, aprovada na Câmara dos Deputados, o PIB de Goiás poderia cair em até 0,07%.

Clique aqui para ver o estudo na íntegra.

“É no mínimo irresponsável trazer uma informação descontextualizada fazendo parecer que a reforma tributária aprovada na Câmara é positiva para os municípios goianos. Isso não condiz com os fatos e o relatório recém publicado pelo próprio Ipea”, destaca Erik ao Mais Goiás. Na prática isso pode significar uma perda de arrecadação acumulada de até 100 bilhões de reais no PIB goiano pelos próximos dez anos.  

“Se nada mudar no texto e ele for aprovado como está, a economia de Goiás será severamente acometida por essas mudanças promovidas nessa reforma”, salienta. “No atual contexto, Goiás vinha numa capacidade de crescimento num ritmo acelerado. Comparando com a reforma tributária na forma que está aí, nos dá um prejuízo acumulado de quase 100 bilhões no PIB”, destaca.

Erik teme que os prejuízo à economia goiana sejam gradativos e que iniciem-se já agora. “Vivemos num mundo real. As inseguranças provocadas já no período de tramitação afetam empresas que ficam incertas em abrir seus negócios. Empresas no setor de serviços ficam inseguras em realizar a contratação. Ora, daqui a 6 anos a taxação vai aumentar. Porque abrir um negócio agora vislumbrando esse cenário.”, exemplifica. 

O próprio relatório que acompanha o estudo do Ipea traz a constatação negativa. “Por fim, Mato Grosso, Pará, Tocantins, Santa Catarina, Piauí, Paraíba, Alagoas, Maranhão e Rio Grande do Sul apresentam saldo de ganhos, embora pequenos, enquanto Bahia, Goiás e Sergipe revelam nível pequeno de perdas no PIBs”, destaca.

Erik inclusive, revela que o próprio governador Ronaldo Caiado (União Brasil) é municiado por dados do Ipea para fazer suas críticas ao texto. “Eu faço questão de destacar isso. Não somos nós que estamos calculando. Evidentemente, fazemos cálculos. Mas quem diz esses dados negativos que nós e o próprio governador Ronaldo Caiado estamos reproduzindo é o Ipea”, insiste.

Questionado detalhes sobre o estudo que aponta perda acumulada de R$ 100 bilhões de reais no PIB, Erik afirma que dada a velocidade do debate e a tramitação açodada, não é possível elaborar um estudo publicável que aponte o assunto mas a projeção já está posta. “Eu estou sendo conservador e fazendo uma comparação conservadora com o cenário econômico. Há uma perda severa que a economia goiana poderá viver dentro dos próximos dez anos. É de riqueza que estamos falando e vamos deixar de ter”, alerta.