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Vendas de TV crescem na pandemia e novas marcas chegam ao Brasil com aparelhos mais baratos

Imagem em 4K, telas com bordas infinitas e assistentes de voz. O mercado de televisores…

Linha de produção das TVs que vão ao mercado sob a parceria Toshiba/Multilaser: chinesa que assumiu divisão de TVs da marca japonesa voltou Foto: Divulgação
Linha de produção das TVs que vão ao mercado sob a parceria Toshiba/Multilaser: chinesa que assumiu divisão de TVs da marca japonesa voltou (Foto: Divulgação)

Imagem em 4K, telas com bordas infinitas e assistentes de voz. O mercado de televisores ganhou um componente além das inovações tecnológicas neste ano: a chegada de novas marcas.

Com muita gente trabalhando em casa e trocando o lazer fora pelas opções de audiovisual do streaming em frente ao sofá, as vendas de TV estão em alta. Isso está atraindo interesse de novos fabricantes para o setor, no momento em que algumas multinacionais deixam o país.

O movimento começou com a Britânia, conhecida pelos eletrodomésticos, que anunciou seus primeiros modelos de TV no mês passado. Na próxima semana, é a vez da Toshiba apresentar seus televisores.

A divisão de TVs da marca japonesa (vendida para a chinesa Hisense) está de volta após ter deixado o país em 2018. Fontes do setor revelam que Sanyo e Sharp são outras marcas de sucesso dos anos 1980 e 1990 que preparam o retorno às lojas.

Com modelos na chamada faixa intermediária, as novas marcas miram a classe média, com preços a partir de R$ 1.400.

Esse movimento também é reforçado pela líder do setor no país, a coreana Samsung, que tem levado para seus modelos de entrada cada vez mais recursos até então presentes só nas categorias premium, como plataformas de assistentes de voz e melhor qualidade de imagem.

Faturamento aumenta 16%

Mesmo com a crise provocada pelo novo coronavírus, que reduziu renda e emprego, as vendas de TV estão em alta. Dados da consultoria GFK apontam que o faturamento do segmento de TVs aumentou 16% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo de 2020.

Segundo Fernando Baialuna, diretor da GFK, a estratégia das empresas é lançar modelos com preços menores:

— Existe oportunidade de entrada de novas marcas aqui e que ofereçam posicionamento de custo-benefício, com preços menor, mas com imagem boa e conectividade. É um mercado que vai ter novos players nos próximos anos, apesar da saída da Sony, que atendia a um público específico.

A Britânia chega com quatro modelos, a partir de 32 polegadas, imagem em HD e 4K e preço a partir de R$ 1.200. Heloísa Freitas, gerente de Marketing da empresa, destaca que o foco é oferecer conectividade com softwares pré-instalados para streaming.

A Toshiba volta ao país com a meta de vender um milhão de unidades até 2026. Para isso, fez parceria com a Multilaser para produzir os modelos no Brasil.

Sem divulgar os preços, Andre Poroger, vice-presidente da empresa, antecipa que o objetivo é mesmo trazer tecnologia com bom custo-benefício. A empresa promete modelos de 55 e 65 polegadas com 4K.

— A marca sempre foi sinônimo de qualidade no mundo todo e ainda está na lembrança do público. Eventos como a Copa do Mundo em 2022 ajudam — afirma Poroger.

Já a líder Samsung planeja expandir suas linhas de TVs em diferentes direções. De um lado, traz tecnologias que permitem maior iluminação na tela com o uso de minilâmpadas de LED com resolução em 8K e telas verticais.

Do outro, investe cada vez mais no crescimento da linha intermediária Crystal, com modelos mais econômicos.

— Nos modelos Crystal, acrescentamos mais qualidade de imagem na tela, criamos novas opções de tamanhos e tornamos os modelos mais finos e com menos bordas. Eram benefícios que estavam nas categorias superiores. Colocamos ainda uma plataforma com assistentes de voz em português — conta Erico Traldi, diretor de TV e Áudio da Samsung Brasil.

Apesar de abandonar o segmento de celular, a LG segue apostando em TVs. Pedro Valery, consultor da empresa, diz que dos 39 modelos à venda pela empresa apenas dois não têm assistentes virtual pré-instalado hoje. Ele explica que a televisão se tornou o centro da conectividade das casas, movimento impulsionando pela pandemia e o home office:

—  Percebemos que não basta ter apenas conectividade. É preciso ter um ecossistema de voz nos aparelhos

Pesquisa inédita da Google aponta que houve um aumento de 10% nas buscas por TVs conectadas entre janeiro e abril deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Aparelhos de ‘streaming’

Além de TVs melhores, os consumidores também estão mais interessados em ispositivos de conexão para provedores de streaming — como Globoplay, Netflix e Amazon Prime Video. Houve alta de 70% no faturamento desse tipo de produto no primeiro trimestre deste ano, segundo a GFK.

A Amazon aumentou as apostas no segmento com o lançamento de aparelhos de streaming chamados de Fire TV. Eles obedecem ao comando de voz da Alexa, a assistente virtual da Amazon, e oferecem a possibilidade de ver conteúdos em 4K.

O controle remoto do dispositivo substitui algumas funções do comando da televisão, ajudando a navegação.

— É um segmento que cresce muito. Atende a um público amplo, que não tem acesso ao último lançamento de TV ou não consegue baixar aplicativos de streaming — diz Jacques Benain, diretor para dispositivos da Amazon no Brasil.

Sabrina Balhes, líder de pesquisas na Nielsen, disse que o preço  da televisão é uma barreira para 57% das pessoas.

Por isso, ela ressalta que levantamento feito pela Smartclip em parceria com a Nielsen  em março deste ano apontou que 23% das pessoas disseram utilizar dispositivos que transformam as TVs normais em conectadas:

—   A indústria já notou esse potencial.  Por isso, muitas marcas estão chegando ao Brasil.As TVs conectadas estão presentes em 77% dos lares das classses C, D e E, contra 99% da classe A; e 95% da, B. O crescimento do uso dos aparelhos veio acompanhado de grande capilaridade nas classes CDE, mostrando que o acesso não está apenas restrito à população com maior nível de renda.