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Em reunião tensa, Pazuello diz a governadores que qualquer vacina levará 60 dias para ser aprovada pela Anvisa

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estimou nesta terça-feira em reunião com governadores que qualquer…

Pazuello diz que qualquer vacina no Brasil será distribuída por programa do Ministério, incluindo CoronaVac
Ministério da Saúde decide comprar vacinas da Pfizer e Janssen (Foto: Pablo Jacob)

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, estimou nesta terça-feira em reunião com governadores que qualquer vacina contra a Covid-19 levará cerca de 60 dias para aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O encontro teve bate-boca entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e Pazuello, sobre a falta de interesse do governo federal em relação à CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e que será produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista.

Depois da reunião, o ministério da Saúde informou que fez um acordo com os representantes dos estados para garantir que a vacina que obtiver registro será adquirida pelo governo, o que inclui a CoronaVac.

— A Anvisa vai precisar de um tempo cumprindo essa missão. O registro gira em torno de 60 dias. Se tudo estiver redondo, teremos o registro efetivo da AstraZeneca no final de fevereiro, dando início à vacinação — afirmou Pazuello.

A reunião foi um pleito dos governadores para definir uma estratégia nacional para a vacinação, depois que o governo do estado de São Paulo anunciou início da vacinação no estado em 25 de janeiro.

Ao contrário do que vinha sendo dito, a perspectiva agora é que todos os brasileiros sejam vacinados. Segundo governadores que participaram do encontro com o ministro, foi estabelecida a meta de que o governo obtenha 420 milhões de doses para imunizar toda a população.

De acordo com esses governadores, o Ministério da Saúde apresentará o plano de vacinação com detalhes sobre aquisição de insumos e datas para a vacinação na quarta-feira. A falta de detalhamento sobre a logística de vacinação era uma crítica recorrente por parte de gestores e da indústria.

Bate-boca

Durante a reunião, Doria questionou se Pazuello não privilegia a CoronaVac por “questão ideológica, política ou falta de interesse” e relembrou que o ministro fora desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro após ter se comprometido a comprar 46 milhões de doses do imunizante. Bolsonaro e Doria são inimigos políticos.

Ao destacar os valores já pagos pelo governo para vacinas (R$ 1,2 bilhão para o imunizante de Oxford e R$ 830 milhões para o consórcio Covax Facility), Doria afirmou que todas estão na mesma situação da CoronaVac, sem registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E questionou o motivo de a vacina não ter sido apoiada pelo governo:

— O que difere, ministro, a condição e a sua gestão como ministro da Saúde de privilegiar duas vacinas em detrimento de outra vacina? É uma razão de ordem ideológica, é uma razão de ordem política ou é uma razão de falta de interesse em disponibilizar mais vacinas (…)?

Doria então voltou a falar dos valores já pagos a outras fabricantes de vacina contra Covid-19:

— O seu ministério pagou à AstraZeneca R$ 1,2 bilhão sem a vacina, e a CoronaVac, que é a vacina do Butantan, que já temos uma parcela considerável e que o senhor na última reunião com 24 governadores anunciou que compraria 46 milhões (de doses)… Infelizmente o presidente desautorizou o senhor, foi deselegante com o senhor em menos de 24 horas e impediu que sua palavra fosse mantida perante os governadores. O seu ministério vai comprar a vacina CoronaVac sendo aprovada pela Anvisa? Sim ou não, ministro?

Pazuello rebateu:

— Eu já expus a todos os governadores, quando a vacina do Butantan, que não é do estado de São Paulo, é do Butantan, eu não sei porque o senhor fala tanto como se fosse do estado, ela é do Butantan. O Butantan é o maior fabricante de vacina do nosso país e é respeitado por isso. O Butantan quando concluir seu trabalho e estiver com a vacina registrada, avaliaremos a demanda e se houver demanda e houver preço nós vamos comprar. (…) Havendo demanda, preço (inaudível), todas as vacinas, todas as produções serão alvo de nossa compra.

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