Educação

Especialistas em educação defendem modelo de gestão compartilhada com OS em escolas

Preocupados com o baixíssimo desempenho das escolas públicas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica…

Preocupados com o baixíssimo desempenho das escolas públicas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), os mais renomados especialistas da área veem na gestão compartilhada com Organizações Sociais (OS) a saída para o dilema da qualidade do ensino. Reportagem e artigo publicados na edição desta semana da revista Época, a partir da avaliação de renomados conhecedores do setor, analisam a proposta do governador Marconi Perillo (PSDB) de adotar o modelo e concluem: a gestão por OS é a saída para as mazelas administrativas e sindicais que comprometem, de forma irreversível, o aumento da qualidade da educação pública no País.

A reportagem especial de Época afirma, já no título, que “Goiás vai transferir escolas do Estado para Organizações Sociais” e que “esse modelo melhorou o desempenho dos alunos em vários países”. Em artigo publicado na revista, Fernando Schüller, professor do Insper e curador do Projeto Fronteiras do Pensamento, afirma que o governador de Goiás, Marconi Perillo, decidiu desafiar o lobby da educação estatal, que “já deu todas as provas de que não funciona”. “O modelo é simples”, diz o professor: “o controle e o financiamento são do governo; a gestão é privada, ainda que sem fins lucrativos”.

A revista resume a proposta de Marconi: “na prática, as escolas passarão a ter administradores profissionais”, informa. “No modelo das OSs, deixa de ser responsabilidade do diretor da escola o bom funcionamento dos banheiros, dos computadores, da cozinha ou da segurança”. Ainda segundo a reportagem de Época, “na OS, o diretor dedica-se exclusivamente às questões pedagógicas e à relação entre alunos, professores e a comunidade”.

Época detalha a proposta do Governo de Goiás de começar a gestão compartilhada com OS por 200 das quase 1.100 escolas da rede estadual e observa que iniciativas idênticas ou semelhantes deram muito resultado em diversos países ao redor do mundo. “A experiência de Goiás com as OS começará em 200 escolas do 6º ao 9º ano e de ensino médio”, diz a reportagem “Nelas, haverá uma administração profissional, enquanto a parte pedagógica permanecerá nas mãos do Estado. A princípio, não haverá metas de expansão. Tudo dependerá dos resultados”, informa.

A reportagem traz declarações da secretária de Educação e Cultura, Raquel Teixeira, sobre o debate, com alunos, pais e professores, sobre a definição da modelagem mais apropriada. “Nosso objetivo é fazer tudo com muito cuidado e com o acompanhamento minucioso do dia a dia da escola”, diz Raquel à revista.

O texto traz ainda os resultados positivos alcançados por Pernambuco, que já testou o modelo, com sucesso. Depois de testá-las, o Estado (de Pernambuco) replicou as práticas mais eficazes por sua rede e encerrou a experiência das OS para não criar ilhas de excelência e aumentar a disparidade na rede pública. Hoje, há 328 escolas integrais e semi-integrais em Pernambuco. Em 2001, a taxa de desistência dos estudantes do ensino médio era de 24,5%. Hoje, esse índice é de 3,5%. Nas escolas integrais e semi-integrais, a taxa é de apenas 1,3%”, diz o texto.

“A experiência que existiu em Pernambuco e existirá em Goiás é novidade no Brasil, mas não no mundo”, diz o texto de Época, para lembrar que “Estados Unidos, Inglaterra, Chile, Suécia e Portugal estão entre os países com parceria público-privada na educação”.

A reportagem observa que, “quando bem sucedido, esse modelo mostra melhora significativa de resultados em comparação com a média das escolas públicas”. E cita o caso dos Estados Unidos, um dos países com a melhor educação pública do mundo, onde o modelo, que existe há 22 anos, é composto por “6.400 escolas charter, como são chamadas, com mais de 2,5 milhões de estudantes (…) e escolas com grande capacidade de impacto nos grupos sociais em que a estrutura familiar e cultural não costuma ajudar (e pode até prejudicar) o aprendizado”.

A reportagem conclui que, nos Estados Unidos, “as charters ajudaram a melhorar o desempenho de seus alunos” e que o Chile, que também já adota o modelo, “tem a melhor educação da América Latina”. “A qualidade da educação que o jovem brasileiro recebe hoje equivale à que o chileno recebia na década de 1960. O mérito desses países é mostrar que a educação pública não é sinônimo de educação estatal. Goiás começou a desbravar, aqui no Brasil, esse mesmo caminho”, afiança o trecho final da reportagem de Época.