Painel do leitor

Greve de servidores do judiciário em Goiás deixa varas cíveis fechadas

POR MARIA THEREZA ALENCASTRO VEIGADE GOIÂNIA Sabe aquela visita que você quer fazer a seu…

POR MARIA THEREZA ALENCASTRO VEIGA
DE GOIÂNIA

Sabe aquela visita que você quer fazer a seu filho e a ex-mulher não está permitindo? A pensão que não foi paga e você precisa receber? O depósito judicial que você tem que levantar através de alvará? E os julgamentos que precisam acontecer para que a pena do meliante não prescreva? Pois é, nada disto é considerado urgente em meio à greve dos serventuários da Justiça. Aliás, você sabe que há uma greve em curso?

Todo dia corro para o site do Tribunal de Justiça de Goiás, para o da OAB, para os jornais, na esperança de ver alguma notícia sobre o fim da greve. Nada. Pelo contrário, encontro no site do TJ notícias sobre os próximos feriados, como se estivéssemos dentro da mais absoluta normalidade. As varas de família estão trancadas desde setembro.

As varas cíveis estão efetivamente fechadas. As varas criminais só estão atendendo processos de réu preso. Vocês sabem disto? “Após ser aprovado … pela Assembleia Legislativa …, o projeto de concessão da reposição das perdas salariais frente a inflação de 2014 [7%], para efetivos do Judiciário, foi enviado ao Governo Estadual no dia 1º de setembro, para sanção. No entanto, a proposta foi vetada integralmente pelo Executivo, no dia 16 de outubro.” Mais de 40 dias só para vetar.

Não vou discutir quem tem razão, embora acredite que todo trabalhador tenha que ser bem remunerado e que há obrigações para as quais o pagador, ou seja, o Poder Executivo, tem que se programar. Mas por outro lado, não posso deixar de perguntar se não há uma maneira de pressionar que não inclua causar prejuízos irrecuperáveis para a população?

Justiça é serviço essencial. Tão importante quanto o dos policiais, dos médicos, dos bombeiros. Em todo caso, o silêncio, a falta de informações sobre as providências que estão sendo tomadas, me deixam perplexa. E isto porque, até onde sei, vivemos em uma democracia que tem, como marca maior, a transparência. Ministério Público, algo a dizer?

Estou indignada. Tão indignada que estou reunindo advogados para visitarmos o Sindicato, a Assembléia, quem for preciso, para interferirmos de alguma forma. Não é mais possível nos compreendermos como sujeitos passivos em meio ao caos.