Amor livre

Igreja anglicana celebra primeiro casamento homoafetivo no Distrito Federal

Pela primeira vez, duas pessoas do mesmo sexo se casaram num templo da igreja anglicana…

Pela primeira vez, duas pessoas do mesmo sexo se casaram num templo da igreja anglicana do Distrito Federal, desde que a religião aprovou a união homoafetiva, em setembro de 2018. Caio e Philipe Silva Costa se casaram na noite do último sábado (27), na Catedral da Ressurreição e em seguida comemoram a união no Hotel Nacional.

Na cerimônia, leituras bíblicas, sermões, votos matrimoniais e a reafirmação do compromisso de amor, fidelidade e respeito. Egressos da igreja católica, os dois se sentiram acolhidos na anglicana, onde participam de discussões e cerimônias.

Conforme relatou o casal, há entre os membros do grupo, outros LGBTs – incluindo uma pessoa transsexual – e nenhum alega ter sofrido qualquer tipo de discriminação durante reuniões ou celebrações.

Caio e Philipe frequentavam um grupo católico de estudo e oração, mas decidiram sair após outros participantes reclamarem ao padre da paróquia. Sentindo a necessidade de prosseguir com as próprias profissões de fé, decidiram migrar para onde seriam aceitos.

Juntos há mais de três anos, o casal precisou lutar para vencer a resistência das família. Quando se conheceram os dois ainda moravam com os pais e não eram bem-vindos um na casa do outro. O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) passou a ser o local oficial de encontro dos dois e lugar que escolheram para a prévia das fotos do casamento.

“A gente assistia séries no gramado do CCBB e gostava tanto de ficar juntos que perdíamos a hora. Foi quando descobrimos que, se a gente ficar trancado dentro do estacionamento é só jogar luz alta no portão que o vigilante aparece para abrir”, brinca Caio.

Casamento

Os dois planejaram o pedido de casamento para o mesmo dia, sem que um soubessem da intenção do outro. Caio é apaixonado pela flor do ipê-amarelo, então o noivo desenhou a flor e mandou gravar na aliança. Na parte interna está escrita a palavra Ohana, uma referência à animação preferida dos dois: Lilo e Stitch. No dialeto havaiano, a palavra significa família.

Os dois se consideram com personalidades muito distintas. Philipe é formado em administração, trabalha no Ministério da Saúde, é extrovertido, festeiro e comunicativo. Caio é designer, gosta de videogames, é tímido, caseiro e fã de cultura japonesa. Os dois conseguiram achar o meio-termo e cada um cede um pouco nas atividades que o outro gosta.

A lua de mel está marcada para Toronto, no Canadá.

Deus é para todos

A reverenda Tati Ribeiro, reitora da Catedral da Ressurreição, diz que a comunidade anglicana de Brasília é muito diversa. “Acreditamos que o amor de Deus é para todos e procuramos tratar com igualdade e respeito. Ninguém é melhor do que o outro, nem mais importante”, diz a reverenda.