Brasília

Joias de Bolsonaro apreendidas pela Receita são enviadas para perícia da PF atestar autenticidade

Diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões serão analisados por área de gemologia

Senador goiano pede a TCU que cobre de Bolsonaro inventário com presentes recebidos durante gestão
Senador goiano pede a TCU que cobre de Bolsonaro inventário com presentes recebidos durante gestão (Fotos: Reprodução)

O conjunto de joias do regime da Arábia Saudita retido pela Receita Federal e que seria da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro está sendo encaminhado à perícia da Polícia Federal. Entregues na Superintendência do órgão em São Paulo, os bens serão entregues a profissionais do Instituto Nacional de Criminalística (INC), em Brasília, e analisados pelo setor de gemologia, ciência que estuda pedras preciosas. Um dos objetivos é atestar a autenticidade das peças.

As joias entraram no Brasil na mochila do assessor do então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, em 2021. Ele foi parado ao desembarcar por fiscais da Receita, que retiveram o conjunto no Aeroporto Internacional de Guarulhos. Ao chegarem no INC, serão descritos os materiais pelos peritos, verificado os parâmetros físicos dos diamantes e ainda realizadas análises dos componentes para valoração. 

Em seu discurso no evento que deu posse a ela como presidente do PL Mulher, na semana passada, Michelle ironizou essas joias.

— Provérbios 31:10 diz que mulher virtuosa é mais preciosa que pedras preciosas. E hoje a única joia aqui presente são vocês, mulheres que inspiram, que fazem a diferença, que trabalham na promoção do ser humano e que mudam realidades — declarou ao citar uma passagem da Bíblia.

Em entrevista à Jovem Pan nesta quinta-feira, ao voltar ao Brasil, Bolsonaro admitiu que o pacote era destinado a Michelle e que tentou recuperá-lo ao enviar ofícios à Receita Federal.

— Tentamos recuperar o outro conjunto da Michelle via ofício, não foi na mão grande. Não sei porque essa onda toda. Se estão achando isso, como algo que eu fiz errado, eu fico até feliz, (é porque) não têm do que me acusar — afirmou durante a entrevista.

Esse foi o primeiro conjunto de joias revelado após ser entregue pelo regime da Arábia Saudita ao governo de Jair Bolsonaro (PL). Na sexta-feira, os advogados do ex-presidente devolveu outro conjunto com caneta, relógio, anel, abotoaduras e um rosário, além de armas, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). O pacote entrou no país na mala de integrantes da comitiva brasileira que retornava ao país, após missão no Oriente Médio. 


Já na terça-feira, o jornal O Estado de S. Paulo informou sobre um terceiro conjunto recebido por Bolsonaro, avaliado em R$ 500 mil. Entre as peças estão um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes. O ex-mandatário levou consigo a caixa com itens de luxo no fim do ano passado, quando deixou o cargo, e as incorporou em seu acervo pessoal.

As peças teriam sido entregues em mãos para Bolsonaro, durante viagem oficial a Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019. Na ocasião, Bolsonaro participou de um almoço oferecido pelo rei saudita Salma Bin Abdulaziz Al Saud e teria voltado com o conjunto para o Brasil. No dia 8 de novembro de 2019, o Gabinete Ajunto de Documentação Histórica da Presidência incorporou os itens a seu acervo privado, por ordem do ex-presidente.

De acordo com o jornal, os itens que compõem a caixa de joias foram especificados, um a um, no formulário de encaminhamento de presentes para o presidente. Nele há um campo para incluir a informação se “houve intermediário no trâmite”. A resposta que consta no documento é “não”.

Em 6 de junho do ano passado, Bolsonaro solicitou o conjunto de joias para ficar com ele. Por determinação do ex-presidente, dois dias depois os itens foram encaminhados para seu gabinete. Nesta data os registros oficiais informam que as peças de luxo estavam “sob a guarda do Presidente da República”.