Justiça

Júri de policiais acusados de mandar bomba a escritório de advogado dura mais de 10 horas

O Júri popular dos dois homens acusados de enviar uma caixa-bomba a um escritório de…

O Júri popular dos dois homens acusados de enviar uma caixa-bomba a um escritório de advocacia em Goiânia já dura mais de 10 horas. O trâmite processual, agendado para esta quinta-feira (30), ainda não tem hora para acabar e é presidido pelo juiz Lourival Machado da Costa, da 2ª Vara de Crimes Dolosos Contra a Vida. Ambos são acusados de tentativa de homicídio qualificado.

Foram feitas as oitivas de cinco testemunhas de acusação, seguidas das testemunhas de defesa e o júri segue, às 18h30, para o interrogatório dos dois suspeitos por parte do Ministério Público Estadual, da Assistência de Acusação e dos advogados de defesa. Ainda não há posicionamento para dizer se o julgamento será suspenso em razão da demora.

Walmir Cunha perdeu três dedos em primeiro atentado com explosivo contra advogado no País: limitações (Foto: Wellington Tourão / Mais Goiás)

Walmir Cunha perdeu três dedos em primeiro atentado com explosivo contra advogado no País: limitações (Foto: Wellington Tourão / Mais Goiás)

Pessoas que assistem ao trâmite no Fórum Desembargador Fenelon Teodoro Reis, no Jardim Goiás, em Goiânia, dizem estar exaustas, porque as oitivas de depoimentos testemunhais foram longas e o tempo de recesso de uma hora e meia para almoço foi curto.

Os policiais federais aposentados, e irmãos, Ovídio Rodrigues Chaveiro e Valdinho Rodrigues Chaveiro, foram levados à juri popular após serem acusados como remetentes do artefato explosivo que vitimou o advogado Walmir Oliveira da Cunha.

Crime

O caso aconteceu no dia 15 de julho de 2016. Era por volta das 17h30 quando a secretária do advogado recebeu a encomenda trazida pelo motoboy e avisou Walmir. Ao chegar na recepção, segundo relatos da mesma à Polícia Militar, a embalagem fazia um barulho de um ponteiro de relógio em funcionamento. Ao ser aberta, o item explodiu e feriu o advogado, além de destruir boa parte da recepção do escritório.

Walmir foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e encaminhado ao Hospital de Urgências de Goiás (Hugo), onde permaneceu por seis dias internado. O advogado perdeu três dedos da mão esquerda e quebrou o pé. Mesmo após alta, o advogado precisou ser submetido a várias cirurgias para o tratamento dos ferimentos.

Walmir Cunha perdeu três dedos em primeiro atentado com explosivo contra advogado no País: limitações (Foto: Wellington Tourão / Mais Goiás)

Walmir Cunha perdeu três dedos em primeiro atentado com explosivo contra advogado no País: limitações (Foto: Wellington Tourão / Mais Goiás)

O caso ficou sob responsabilidade da Delegacia Estadual de Instigações Criminais (Deic) que colheram informações com testemunhas e câmeras de segurança que identificaram o momento que o motoboy entregou a encomenda para a recepcionista. Segundo o delegado Valdemir Pereira da Silva, a bomba estava dentro de uma caixa similar a uma embalagem de uísque, com a dimensão de 20×30 centímetros.

Em outubro do mesmo ano, a PC divulgou imagens de um dos responsáveis que entregou a encomenda para o motoboy no Jardim Guanabara. A corporação trabalhou na hipótese de represália à vítima pelo fato da mesma ter revertido a guarda da neta de Valdinho para o pai, que é cliente de Walmir. Os suspeitos foram presos no dia 27 de dezembro.

Em todo momento, a Ordem de Advogados do Brasil (OAB) demostrou repúdio à ação de represália contra algum um dos seus representados. “. É inadmissível, em pleno século 21 e diante a existência de um Estado Democrático de Direitos, que ações primitivas de autotutela como esta, ainda sejam uma realidade”, diz o texto.

Entenda o rito do Júri Popular:

A vítima, Walmir Cunha foi ouvida;

Em seguida, prestaram depoimentos as testemunhas de acusação;

As testemunhas de defesa também foram ouvidas em seguida;

Eventualmente, pode haver a leitura de peças dos autos;

Os réus serão interrogados pelo Ministério Público, assistente de acusação e defesa;

Nesta fase, os jurados podem fazer perguntas por intermédio do juiz;

Os réus possuem o direito constitucional de ficar em silêncio;

Após os depoimentos, começam os debates entre a acusação e defesa;

O Ministério Público tem uma hora e meia para fazer a acusação, mesmo tempo concedido à defesa;

Há ainda uma hora para a réplica da acusação e outra para a tréplica da defesa;

Ao final, o juiz passa a ler os quesitos que serão postos em votação;

Se não houver nenhum pedido de explicação a respeito, os jurados, o escrivão, o promotor de justiça e o defensor são convidados a se dirigirem à sala secreta, onde ocorrerá a votação;

A sentença é dada pela maioria dos votos – logo, se os primeiros quatro jurados decidirem pela condenação ou absolvição, os demais não precisam votar;

Após essa etapa, a sentença é proferida pelo juiz no fórum, em frente aos réus e a todos presentes.