TRAGÉDIA

Mortos em Petrópolis sobem para 122, e buscas seguem pelo quarto dia

A tragédia em Petrópolis (RJ) completa quatro dias com ao menos 122 mortos e 218 desaparecidos.…

Mortos em Petrópolis sobem para 122, e buscas seguem pelo quarto dia (Foto: Agência Brasil)
Mortos em Petrópolis sobem para 122, e buscas seguem pelo quarto dia (Foto: Agência Brasil)

A tragédia em Petrópolis (RJ) completa quatro dias com ao menos 122 mortos e 218 desaparecidos. As buscas na lama continuam sendo feitas por bombeiros e moradores nesta sexta (18), assim como o atendimento às quase mil pessoas abrigadas que não podem voltar para casa.

Entre os 120 corpos que chegaram até esta quinta ao IML (Instituto Médico-Legal), 79 são mulheres e 41 são homens, incluindo 21 menores de idade, segundo os números mais recentes da Polícia Civil. Entre eles, 72 foram identificados e 53 foram liberados para enterros ou cremações.

Na porta da unidade, parentes aguardam a leitura dos nomes por funcionários. Para facilitar o acesso a informações, a corporação antecipou a implementação de um Portal de Desaparecidos, que permite a consulta de nomes e fotografias pelos familiares que fizeram o registro.

As salas de velórios estão cheias, e os enterros estão sendo feitos em sequência no Cemitério Municipal de Petrópolis desde a tarde de quarta (16). A prefeitura abriu novas covas rasas (menos profundas e mais baratas) e descartou um grande enterro coletivo “para respeitar a programação das famílias”.

Nas ruas, moradores seguem limpando casas, comércios e prédios históricos, sirenes de viaturas e ambulâncias passam de um lado para o outro, e voluntários circulam com doações por escolas e igrejas, sob um forte cheiro de lama misturada com lixo em alguns locais.

Segundo o Corpo de Bombeiros, 41 cães farejadores serão levados de outros estados para auxiliar nas buscas —atualmente são 16 animais, que precisam de 12 horas de descanso. Há muitos casos de moradores cavando a lama sozinhos, se queixando da falta de agentes para localizar os corpos.

A cidade da Região Serrana do Rio de Janeiro foi arrasada por um forte temporal na tarde da última terça (15). Foram mais de 400 deslizamentos desde então, somando 553 ocorrências no total registradas pela Defesa Civil, incluindo alagamentos e avaliações de risco.

O município revive agora um desastre que já viveu de maneiras parecidas em ao menos dois verões, em 1988 e em 2011. Petrópolis tem 234 locais de risco alto ou muito alto, o que equivale a 18% do território e 12 mil moradias, de acordo com o Plano Municipal de Redução de Riscos de 2018.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou a cidade nesta sexta e afirmou não ser possível prevenir todas as tragédias: “Medidas preventivas estão previstas no orçamento. Ele é limitado. Muitas vezes não temos como nos precaver de tudo que possa acontecer nesses 8,5 milhões de km² [área do Brasil]”, disse ele à imprensa.

Já o ministro Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) afirmou que serão liberados R$ 1 bilhão de recursos emergenciais para Petrópolis e outras 50 cidades do país em situação de emergência ou calamidade pública pelos temporais, que ele chamou de “catástrofes climáticas”.

O lugar mais afetado desta vez na cidade da serra fluminense foi o primeiro distrito, que permaneceu com todas as suas sirenes acionadas ao longo da madrugada desta sexta devido ao volume de água acumulado nas últimas horas e a previsão de permanência de chuva.

Os acessos ficaram ainda mais difíceis agora, com 19 ruas interditadas total ou parcialmente até o início da tarde. A vacinação contra a Covid-19 foi paralisada, e parte da população segue sem energia elétrica e água (Estrada da Saudade, Sargento Boening, parte do Boa Vista, Quitandinha, Floresta, 24 de Maio e partes altas do Valparaíso).

A Defesa Civil informou que não houve novos chamados durante a madrugada desta sexta, quando os agentes apenas concluíram um atendimento pela queda de um muro e de uma árvore próximos a residências. Mas pela manhã eles se distribuíram em diversos pontos da cidade.

Entre os que têm mais impacto para a população estão quatro deslizamentos na rua Atílio Marotti e no bairro Morin, de onde as famílias em risco já se mudaram. No Bairro Floresta, outras 15 pessoas foram orientadas a deixar duas casas.

As pessoas que precisam sair dos imóveis e não podem ficar com familiares estão sendo orientadas a procurar as 19 escolas que viraram pontos de apoio espalhados pela cidade. São 849 pessoas abrigadas até agora, segundo o último boletim do órgão.

Agentes da Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA) estão percorrendo esses locais para preencher formulários e depois cruzá-los com os dados do IML. Durante esse trabalho, 3 desaparecidos foram localizados no Colégio Estadual Rui Barbosa, 15 tiveram o óbito confirmado e 6 identificações estavam duplicadas.