MP investiga desvio de R$ 3 mi em obras do anel viário do Daia, em Anápolis
Ação desta quinta (13) recolheu documentos no Codego e em empresas responsáveis pelas obras, que – em fase final – tiveram execução suspensa pela Justiça. Órgão é o mesmo que teria sido utilizado para obtenção de propina para campanhas de Perillo em 2010 e 2014
Depois que documentos apreendidos nas operações Cash Delivery e Confraria apontaram uso da Companhia de Desenvolvimento Econômico do Estado de Goiás (Codego) por uma organização criminosa focada no recolhimento de propinas e supostamente liderada por Marconi Perillo (PSDB), o órgão está sendo alvo, nesta quinta-feira (13) de uma nova iniciativa. Batizada de “Propinoduto”, a ação cumpriu mandados de busca e apreensão de documentos referentes à obra do anel viário – ainda não concluída –, que liga a BR-060 ao Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia). As suspeitas são de que mais de R$ 3 milhões tenham sido desviados por meio de superfaturamentos e fraudes nas medições, bem como pagamento de propina em favor de agentes públicos.
Além da sede do Codego, na Avenida 85, em Goiânia, promotores do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e policiais militares compareceram à gerência do órgão em Anápolis. As buscas abrangeram departamentos de engenharia, comissão permanente de licitação e diretoria. Ainda, foram vistoriadas empresas responsáveis pela condução da obra, como a Jofege Pavimentação e Construção Ltda, em Campinas (SP), e a anapolina Garra Locações de máquinas, equipamentos e transportes.

Além de autorizar o serviço, a 5ª Vara Criminal de Anápolis também determinou a paralisação da obra até que peritos do MP encerrem os trabalhos técnicos de avaliação estrutural do anel viário. Até o momento, ninguém foi preso.
Para o MP, a operação trará eventuais desdobramentos, motivo pelo qual promotores não concederão entrevistas. O Estado, por meio de nota, afirma estar colaborando com as investigações. “[Foi determinada] na semana passada, à direção da Codego a suspensão de todos os seus pagamentos, exceto para despesas essenciais como a folha salarial e o custeio, além de auditoria em todos os contratos e a implantação imediata do Programa de Conformidade (compliance) na companhia estadual, nos moldes do implantado recentemente na Agetop (Agência Goiana de Tranportes e Obras)”.

Apesar de ter recebido as diligências, a Jofege afirma que não é alvo da investigação, que se refere a “terceiros no estado de Goiás” e alega estar colaborando com as autoridades. A redação também tentou, sem sucesso, contato com a empresa Garra.

Anel viário
Iniciada em 2013, a obra do anel viário está em fase de conclusão, segundo publicação de setembro no site do Governo de Goiás. Investimento conjunto de Estado e União, a estrutura terá 21 quilômetros, dos quais 14 km estão sob responsabilidade do Ministério das Cidades, enquanto o Estado fica a cargo dos 7km restantes.

Até setembro, o erário já tinha investido R$ 15,9 milhões na iniciativa. Desses, R$ 9,53 milhões foram aplicados em obras de infraestrutura básica e nos serviços de imprimação (preparação do terreno para que este receba massa asfáltica). De acordo com o site do Codego, o anel viário tem objetivo de otimizar o tráfego no acesso ao Daia, o que, espera-se, “promoverá” o desenvolvimento da região.