RIO DE JANEIRO

Mulher suspeita de matar genro já tentou envenenar vizinha com chumbinho, no Rio

Presa temporariamente por suspeita de matar o genro em abril deste ano, Iris Silva, de 49 anos,…

De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a sogra planejou o crime após saber das agressões sofridas pela filha durante o relacionamento. — Foto: Reprodução
De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a sogra planejou o crime após saber das agressões sofridas pela filha durante o relacionamento. — Foto: Reprodução

Presa temporariamente por suspeita de matar o genro em abril deste ano, Iris Silva, de 49 anos, responde a outro processo por tentativa de homicídio qualificado. De acordo com a investigação, encerrada em 2018, ela ofereceu bolo de batata com chumbinho a uma vizinha no ano de 2008, para se livrar de dívidas acumuladas com a mulher. A vítima, no entanto, acabou sobrevivendo.

Segundo depoimento da vizinha envenenada, identificada como Maria Solange Azevedo, Iris teria chegado em sua casa, em Olaria, com dois pedaços de bolo de batata. Um deles foi oferecido à Maria, e o outro à sua filha. A vítima contou que não queria experimentar, mas foi pressionada por Iris para que comesse “apenas um pedaço”.

À polícia, Maria relatou ter dito a Iris que sentiu gosto amargo na comida. Iris lhe respondeu que o outro pedaço estava com sabor normal. Em seguida, a vítima começou a se sentir mal e vomitou. Com o agravamento dos sintomas, precisou ser levada ao hospital pouco tempo depois.

A vítima precisou ficar internada por três dias, e o boletim médico acusou intoxicação por ingestão de chumbinho. A sobra do pedaço de bolo que Iris ofereceu a Maria foi levada para perícia, onde também se constatou a presença do veneno. Em depoimento, Iris afirmou que ofereceu a torta para a vítima, mas que não sabia do chumbinho.

De acordo com as investigações, o motivo do envenenamento teve relação com problemas financeiros enfrentados por Iris naquela época. Segundo a vizinha, ela tinha dívidas em seu cartão de crédito, além de outras contas em atraso com Maria. O inquérito concluiu que o crime foi planejado com antecedência, e que Iris pensou em cada detalhe da dinâmica do evento. Ela responde ao processo por tentativa de homicídio em liberdade.

Na última semana, Iris foi presa pela morte do genro, o motorista de aplicativo Raphael Galvão, após a juíza Alessandra da Rocha Lima Roidis, da 4ª Vara Criminal de Duque de Caxias, decretar a sua prisão temporária pelo crime de homicídio qualificado.

De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), a sogra planejou o crime após saber das agressões sofridas pela filha durante o relacionamento. De acordo com o inquérito, policiais foram acionados por volta das 10h45 do dia 24 de abril para averiguar um veículo que estava em chamas na Estrada do Cantão, no bairro Mantiquira, em Caxias. O corpo de Raphael estava carbonizado no porta-malas do veículo.

As diferentes versões

Em depoimento na especializada, Thamiris Silva, esposa de Raphael e filha de Iris, contou que o marido saiu de casa no dia 23 de abril, por volta das 19h, para realizar uma corrida particular, e não acessou mais o WhatsApp depois das 20h03. Ela chegou a atribuir o crime a uma briga envolvendo o rapaz em um bar no dia 17 de abril, quando ele teria derrubado cerveja em uma mulher, causando a discussão.

A briga aconteceu, mas a versão da mulher com a qual Raphael discutiu no dia 17 é diferente. Na delegacia, ela contou que o motorista estava sendo agressivo com a esposa enquanto estavam no estabelecimento, que fica na Praça de Santa Lúcia, em Duque de Caxias. Segundo ela, Raphael não teria gostado quando um dos amigos que a acompanhavam olhou para a mesa onde ele estava sentado com Thamiris, que, segundo a testemunha, chorava enquanto ouvia ameaças de agressão física e frases como “vou desgraçar a sua vida” do marido.

A história tomou outro rumo após os depoimentos da irmã de Raphael. Ela relatou que, no dia 16 de abril, véspera da briga no bar, recebeu uma mensagem de Thamiris. No texto, ela teria dito que o marido a agrediu a noite inteira, que queria ir embora, mas que ele não permitiu que ela saísse de casa. No dia seguinte, pela manhã, a irmã da vítima teria recebido uma nova mensagem da mulher. Dessa vez, dizendo que já estava tudo resolvido com o marido.

O carro que Raphael utilizava para trabalhar pertencia ao cunhado dele, marido da irmã. Após o mapeamento do itinerário final do veículo, foi observado que ele parou em um posto de gasolina na Rodovia Washington Luiz, em Santa Cruz da Serra. Imagens extraídas das câmeras de segurança do posto mostram uma mulher desembarcando do carro. Segundo a irmã da vítima, tratava-se de Iris Silva, sogra de Raphael.

Ao ser decretada a prisão temporária da sogra, a partir da investigação das imagens das câmeras de segurança, a defesa dela chegou a entrar com uma tentativa de revogação da prisão temporária, alegando que ela não participou da morte do motorista. No documento, a defesa admite que Iris teve participação “apenas na ocultação do cadáver”.