Eleições 2014

Os jingles da campanha eleitoral estão prontas para tomar as ruas

Um mês após o início da campanha eleitoral, travada nas ruas por meio de caminhadas…

Um mês após o início da campanha eleitoral, travada nas ruas por meio de caminhadas e trocas de escaramuças pela imprensa e redes sociais, um novo fator entrará em campo nos próximos dias: as músicas de campanha.

Os jingles são o elemento sensível da disputa. “A música tem o poder de despertar sensações, produzir reações. Ela define uma campanha”, afirma o publicitário e professor de comunicação Ailton Cardoso. “É muito complexo dizer isso, mas a música também ganha a disputa. É raro perder com uma melodia boa. Mas nem sempre o vencedor tem um jingle de qualidade”.

Muitas vezes você não se lembra do rosto do candidato, das suas ideias e muito menos do partido, mas vem à mente: “Êi…êi..êimayel…um democrata cristão…”.

O jingle serve para levantar militância e popularizar ideias. É uma arma importante que graças aos bons melodistas sempre funciona.  

Na campanha goiana, nas duas últimas semanas, chegaram às ruas as canções de Marconi Perillo (PSDB), Iris Rezende (PMDB) e Vanderlan Cardoso (PSB). Os demais candidatos ainda não divulgaram suas músicas.

Os pretedentes adotaram estratégias semelhantes: uso de violões em estilo folk/sertanejo, vozes emotivas e arremates com corais produzidos no computador.

Nos próximos dias a tendência é que se popularizem as mensagens sonoras dos candidatos. As carreatas do governador Marconi Perillo e vice-governador José Eliton (PP), por exemplo, já estão tomadas pela música de campanha da base aliada.

Iris Rezende (PMDB) tem divulgado seu jingle por meio de carros de som espalhados nas cidades.  E a expectativa é de que com o início do horário eleitoral o jingle deve assumir o espaço que costuma ocupar: cabeça e fechamento dos programas.

Marconi, Vanderlan e Iris adotaram estratégias musicais diferentes: por enquanto, Vanderlan tem duas músicas, Iris sugere que terá uma segunda e Marconi busca trabalhar um jingle apenas – o que não significa que não possa acrescentar variações se notar que a música saturou os ouvintes nos próximos 40 dias.

O governador que tenta a reeleição tem um jingle sólido, que apresenta um início de balada tocada em violão. A bateria marca o compasso quaternário e segue harmonicamente lenta até se agitar quando a letra diz  “e anda na frente…”.

A música é dividida em quatro módulos: um mais rural, outro folk e um pop-funk até cair no fim – o auge em coral, que dá ideia de grandiosidade devido a quantidade de vozes em uníssono.

A letra diz muito o que a campanha pretende  reafirmar: Goiás cresceu muito com Marconi e pode crescer mais. Não se fala de estatísticas, IBGE, nem nada. Apenas algumas palavras emotivas, comandos de ordem, expressões fáceis: “Um novo país que queremos viver/ Goiás vai na frente/ Goiás vai com fé/ Goiás é a batalha de cada goiano/ Que une sua força com calor humano/ E anda na frente com todo respeito/ Goiás que ainda tem tanto para sonhar/ Trabalha cada dia para melhorar o nosso país”.

O refrão é antecedido por “Goiás vai adiante” e ganha um coral de vozes quase real: “É com Marconi/ que chegamos aqui/ E com Marconi nós vamos seguir/ No novo pais que queremos viver Goiás vai na frente/ Goiás vai com fé”.

Ouça:

Em termos harmônicos, Marconi usa um clássico Lá menor para despertar pequena melancolia e  longa felicidade. O compositor da coligação também modula as notas, o que produz sensação de mudança no ouvinte.

O acorde é envolvido por uma sequência que passa por mi maior, sol e fá # (sustenido) – o que dá um ar melódico para a harmonia (ela também se torna uma frase, se deslocando ritmicamente).

O uso de coral desperta o ouvinte e pode ser o diferencial do refrão – feito para grudar nos ouvintes.

IRIS REZENDE

Iris não fica atrás e busca na música regional sua inspiração base.  A melodia inicial no violão toca as notas sib (bemol), fá, dó e novamente si b.

Trata-se de sequência inusitada em jingles. Pode ser inventivo, mas corre  o risco de ser excessivamente sofisticado para os ouvidos mais simples.

A letra também ressalta o que o candidato tem para oferecer: experiência. “Goiás, tem uma coisa pra te contar/ O que temos pra hoje é esperança/ De um horizonte belo a um caminho, a um lugar para chegar/ E já não é de hoje que sabemos/ O que queremos juntos alcançar/ Um lugar mais humano pra morar/ Já é hora: mãos dadas, confiança, alegria, minha voz está pedindo pra chamar/ Por um líder experiente pra cuidar”

Ouça:

O refrão não nega as raízes do sertanejo oitentista com o estilo universitário: “Uôuôôô/ Iris é amor/ é paixão, é alegria de viver/ Um futuro mais seguro pra você/ Uôuôôô/ Iris é Goiás/ Essa relação provou que já deu certo/ Nós já estamos tão perto, coração”.

RAP DE VANDERLAN

Vanderlan Cardoso foi o primeiro a divulgar suas canções. O site do candidato tem dois jingles que podem ser baixados.

Uma canção está em estilo que a sua equipe chama de xote (mais para forró) e outra que se diz rap (mas mais para o funk). O funk se sai melhor, principalmente na sequência melódica que começa em ré menor e segue até si, lá, sol, lá, si e lá.  

Vanderlan procura transmitir a mensagem de que é novo, nem A nem B, e inclui em sua canção alguns temas de campanha: “Quem tem amor nessa terra/ Conhece a força e o valor/ Coração de novo, direito e trabalhador com o destino em nossas mãos/ Vamos renovar Goiás/ Mas quem decide o futuro é a gente e ninguém mais/ E se você quiser, se você quiser um novo amanhã, vote em Vanderlan, vote 40, é Vanderlan!”.

Ouça:

A sugestão da mudança é, de fato, corroborada pelo uso do funk, que comunica uma maior jovialidade do candidato – se bem que candidatos conservadores como Ronaldo Caiado e o próprio Iris já tenham usado funk e rap nesta e em outras eleições.

O problema de Vanderlan é que a letra tem muitas variações e impregnada de frases parecidas umas com as outras, que podem não conseguir marcar o ouvido coletivo.