LUTO

Ouça músicas de Gerson King Combo, rei do soul brasileiro, que morreu hoje

O cantor Gerson King Combo, considerado por muitos o Rei do Soul Brasileiro, morreu na…

O cantor carioca Gerson King Combo, em apresentação

O cantor Gerson King Combo, considerado por muitos o Rei do Soul Brasileiro, morreu na noite desta terça-feira (22/09), no PAM de Irajá, no Rio de Janeiro, aos 76 anos. O falecimento se deu em decorrência de infecção generalizada e de complicações da diabetes após súbita internação. No fim de semana, ele iria participar de sua primeira live, no Caxias Music Festival, mas cancelou a participação por causa dos problemas com a saúde. Ainda não informações sobre velório ou sepultamento.

Astro dos bailes de subúrbio, o James Brown brasileiro, que nos anos 1970 andava cercado de seis seguranças e que, como lembrou ao GLOBO em 2013, “pagava oitocentos merréis” só para um funcionário pousar e tirar sua capa dos ombros, o cantor gravou dois LPs com seu nome, em 1977 e 78. Os discos viraram clássicos do funk brasileiro, graças a músicas como “Mandamentos black”, “Andando nos trilhos” e “God save the King”.

Depois de um período de ostracismo, no qual chegou a se afastar da música, em 1998, ele foi encontrado pelo DJ Zé Octávio, da festa Copaphonic, que aos poucos o convenceu a voltar à cena. De show em show, Gerson recuperou o cetro e gravou o primeiro álbum de inéditas em 23 anos, “Mensageiro da paz” (2001).

Em 2009, lançou mais um álbum, “Soul da paz”, acompanhado pelo Supergroove, que se tornou a sua banda fixa.No Carnaval do Rio de Janeiro de 2013, ele desfilou no sétimo carro da Portela, ao lado de outros expoentes da cultura black carioca como os cantores Hyldon e Carlos Dafé e o DJ Corello. No mesmo ano, Gerson foi alvo de uma campanha de financiamento coletivo no site Catarse, para gravar um DVD em homenagem a seus 70 anos.

Nascido em Madureira, irmão do cantor Getúlio Côrtes (autor do “Negro gato”, gravado por Roberto Carlos), Gerson Rodrigues Côrtes iniciou a carreira fazendo dublagem no programa “Hoje é dia de rock”, de Jair de Taumaturgo, e depois foi coreógrafo e dançarino do programa “Jovem Guarda”, apresentado por Roberto, Erasmo Carlos e Wanderléa. Mais tarde, ele se tornou cantor de apoio de grupos como Renato & Seus Blue Caps e Fevers, do astro da canção Wilson Simonal e da Banda Veneno, do maestro Erlon Chaves. Em 1969, lançou seu primeiro LP, “Gerson Combo e a Turma do Soul”.

O rei dos bailes black

Em meados dos anos 1970, com o fenômeno dos bailes black, de equipes de som como a Soul Grand Prix e a Furação 2000, que atraíam milhares de jovens da periferia carioca para dançar o funk de James Brown, Gerson se reinventou como o Rei do Soul. Com capa, chapéu e cetro, reproduzindo a imagem de Brown (que disse ter conhecido pessoalmente nos Estados Unidos, em turnê com Simonal), ele foi atração de muitos bailes – mas também sofreu os efeitos da pressão que a ditadura militar exercia sobre os blacks.

“Num debate de programa de rádio, um jornalista disse: ‘Tem um negão aí que fica levantando a bandeira, instigando os pretos…’ A polícia me pegou descendo do avião!”, recordou-se Gerson, em 2013, em entrevista ao jornal O Globo.