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Paraty (RJ): Designer de moda foi asfixiada com saco plástico, diz polícia

A Polícia Civil do Rio concluiu que a designer de moda Thalissa Nunes Dourado, de…

Designer de moda morta em Paraty: polícia conclui que agente de turismo asfixiou colega de quarto com saco plástico

A Polícia Civil do Rio concluiu que a designer de moda Thalissa Nunes Dourado, de 27 anos, foi morta com um saco plástico na cabeça e com as mãos amarradas em seu quarto pela colega com quem dividia a casa, em Paraty, na Costa Verde do estado. De acordo com a análise, por agentes da 167ª DP (Paraty), de cerca de 12 horas de imagens de uma câmera de segurança instalada na porta da residência, na Rua Guapuruvu, no bairro Caborê, a agente de turismo Vivian dos Santos Lima Tiburtino foi a única que esteve no local no momento do crime, ocorrido na madrugada de 5 de novembro do ano passado.

No início das investigações, Vivian chegou a ter a prisão temporária pedida pelo delegado Marcelo Haddad, titular da 167ª DP, e pelo Ministério Público, mas o pleito foi negado pela juíza Letícia de Souza Branquinho, da Vara Única de Paraty. Em seu despacho, a magistrada determinou o recolhimento do passaporte da jovem, a proibição de deixar a cidade, além do comparecimento quinzenal em juízo para justificar suas atividades.

“Em que pesem os argumentos levantados pela autoridade policial e pelo Ministério Público, compreendo que se faz necessária a colheita de outras provas e elementos de investigação a fim de conferir maior robustez à hipótese investigativa levantada, além de inexistir efetivo risco da liberdade da indiciada às investigações, de forma a justificar a medida excepcional da custódia temporária”, argumentou Letícia de Souza Branquinho, solicitando laudos complementares ao Instituto Médico-Legal (IML).

Segundo o exame de necropsia, Thalissa foi vítima de morte violenta, provocada por congestão pulmonar através de uma asfixia mecânica. Na casa em que ela morava com Vivian há cerca de quatro meses não foram encontrados sinais de arrombamento nas portas e janelas, nem tampouco de escalada. Em diligências do Grupo de Apoio aos Promotores de Justiça (GAP) do MP constatou-se que “o local é predominantemente uma área residencial, pacato e de pouco movimento de veículos e pessoas transitando, sendo que o imóvel onde ocorreu o fato possui um terreno baldio e de mata nos fundos”.

Nas filmagens obtidas pelos investigadores, foi possível visualizar que Thalissa chegou a residência – onde já se encontrava Vivian – à 00h34, acompanhada por um casal de amigos que permanecem no local até à 1h15. Os vídeos mostram que, às 2h20 ela saiu, em perfeitas condições físicas, retornando às 3h12. Às 6h15, a agente de turismo deixou o imóvel para pedalar, voltando às 9h37. Às 12h30, uma equipe de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou a casa para recolher o cadáver. A estimativa é que a designer de moda tenha morrido entre 4h e 6h.

– Minha perda é irreparável e vai ser eterna e uma prisão não vai aliviar em nada a minha tristeza. Mas entendo que é preciso fazer justiça para encerrar esse ciclo e para honrar a imagem da minha filha, uma jovem cheia de vida, talentosa, inteligente e tão amada pelos familiares e amigos – disse a mãe da designer de moda, a autônoma Adriana Nunes Dourado, de 47 anos.

– Do ponto de vista da polícia e no entendimento da família da vítima, que vem acompanhando atentamente o caso, existem indícios muito robustos indicando a autoria do crime e mais do que suficientes para ensejar o início de uma ação penal. É isso que a família espera: o início imediato do processo, com a responsabilização devida – completou o advogado Rafael Borges, que representa os parentes da designer de moda.

Entre as requisições feitas pela juíza Letícia de Souza Branquinho e ainda não concluídas, estão o laudo de exame toxicológico de Thalissa e de DNA da amostra de sangue retirado das mãos da designer de moda, além da perícia feita no conteúdo existente do computador e IPad da jovem. A finalização do inquérito, no qual Vivian dos Santos Lima Tiburtino foi indiciada por homicídio qualificado, depende desses documentos.

Procurada pelo GLOBO, a agente de turismo não retornou os contatos. Nos depoimentos prestados na delegacia, ela negou participação no crime e chegou a insinuar que a colega tinha se matado, o que foi descartado pelas investigações.