CIÊNCIA

Pesquisadores vão sequenciar genoma do coronavírus que circula em Goiás

Pesquisadores de Goiás darão início a um projeto de sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2, …

Pesquisadores de Goiás darão início a um projeto de sequenciamento do genoma do vírus SARS-CoV-2,  que faz parte do grupo coronavírus e que está em circulação no Estado. A pesquisa vai receber mais de R$250 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e, segundo pesquisadores, a análise das amostras devem começar a partir de novembro deste ano.

A coordenadora do projeto e pesquisadora Mariana Telles explica que o trabalho consiste na obtenção de amostras de material genético, conhecido como genoma, de pacientes que foram diagnosticados positivamente com coronavírus, por PCR. “A partir de estratégias e métodos científicos a gente consegue isolar apenas o material genético do vírus e sequenciá-lo, ou seja, a gente consegue mapear a diversidade genética e descobrir as linhagens dos vírus que estão circulando em Goiás”, explica.

A professora pesquisadora Mariana Pires de Campos Telles (bióloga), coordenadora do projeto de pesquisa, é mestre em genética e melhoramento de plantas e doutora em ciências ambientais (Foto: Fapeg)

Segundo Mariana, os genomas virais apresentam uma taxa de mutação alta e que realizar esse sequenciamento é importante. “É assim que a gente acumula evidências do material genético. Tendo esse conhecimento, a gente entende melhor como o vírus funciona, de onde ele pode ter vindo e o comportamento dele nos seres humanos. São os guias para que a gente entenda os sintomas e desenvolva medicamentos e vacinas”.

A expectativa do projeto é contribuir com a geração de dados sobre os vírus circulantes, o que consequentemente ajuda a monitorar a pandemia, sua evolução e a velocidade com que o vírus se modifica. A equipe de pesquisadores pretende inicialmente fazer o sequenciamento de 120 amostras, revela a coordenadora.

Além de Mariana, o projeto conta com uma equipe de professores e pós-doutorados da Universidade Federal de Goiás (UFG) na equipe principal. Há possibilidade de inserir também estudantes de graduação e pós-graduação da UFG e da PUC Goiás.

Para realização da pesquisa, serão utilizados equipamentos da nova geração, o que, segundo a professora, irá permitir o sequenciamento de várias moléculas em uma única rodada, gerando um volume muito maior de amostras. A produção de mais amostras ajudará a produzir mais informações do que seriam produzidas em uma pequisa clássica e a custo menor. Os resultados serão disponibilizados em um banco de dados internacional.

Investimento

Segundo a coordenadora do projeto, infelizmente o Brasil não é um dos maiores incentivadores à ciência atualmente, o que resulta numa lentidão às respostas das pesquisas de enfrentamento à pandemia. “Sem financiamento público é impossível desenvolver projetos como este, pois de fato são áreas que demandam investimento financeiro muito específico. Nós já temos tecnologia suficiente para investirmos em várias frentes”, desabafa a coordenadora.

A pesquisa é uma das selecionadas de um chamamento feito pelo Governo de Goiás, com o objetivo de identificar projetos de pesquisa e inovação produzidos em Goiás, e que pudessem contribuir para reduzir os impactos da pandemia de Covid-19 no estado. A Fapeg, investiu R$ 253.941,68 nesta pesquisa, e segundo Mariana, o projeto só recebeu esse valor pois já tinha uma instalação apropriada para esse tipo de pesquisa.

“O financiamento é extremamente importante para o desenvolvimento e para o avanço da ciência no controle, não só do coronavírus, mas também de tantas outras possibilidades de epidemias que existem por aí se infelizmente nós não tomarmos os devidos cuidados”,  reforça Mariana.

O termo de outorga foi assinado pela Fapeg no dia 21 de setembro e deve coletar amostras especialmente nos municípios do estado que foram mais afetados pela pandemia.