Relações Internacionais

Pesquisas de boca de urna mostram resultado indefinido em eleição de Israel

De acordo com duas das três pesquisas, a Azul e Branco (sigla de Gantz) surpreendeu e recebeu mais votos do que o partido governista, o conservador Likud, de Netanyahu

Segundo as pesquisas de boca de urna divulgadas pelos principais canais de TV de Israel, o futuro do primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu é incerto após as eleições desta terça-feira (17).
Os levantamentos mostram que nem o bloco de apoio ao premiê e nem o bloco de oposição, liderado pelo ex-chefe do exército Benny Gantz, devem ter maioria para formar o governo.
São necessárias 61 das 120 cadeiras do Knesset (o parlamento) para uma coalizão ter poder de indicar o premiê -enquanto um novo não for definido, Netanyahu segue no cargo.

De acordo com duas das três pesquisas, a Azul e Branco (sigla de Gantz) surpreendeu e recebeu mais votos do que o partido governista, o conservador Likud, de Netanyahu. O mais importante, porém, é a distribuição das cadeiras pelas coalizações de centro-direita (formada pelo Likud e por siglas menores) e de centro-esquerda (liderada pela Azul e Branco). Pelo Canal 12, o Azul e Branco recebeu 34 das 120 cadeiras, contra 33 do Likud. No total, o bloco de centro-esquerda teria 55 cadeiras, contra 57 do bloco liderado por Netanyahu -a sigla de direita nacionalista Israel Nossa Casa ficaria com 8 cadeiras, mantendo seu papel de fiel da balança.

Já pelo Canal 13, foram 33 para o Azul e Branco contra 31 para o Likud. Entre as coalizões, a centro-esquerda teria 58, contra 54 do premiê e as mesmas 8 para o Israel Nossa Casa.
Mas, segundo a terceira pesquisa, do canal 11, os dois partidos empataram com 32 assentos e Netanyahu teria leve vantagem nas coalizões, com 56 contra 55 da oposição e 9 do Israel Nossa Casa.
Isso leva a crer que ainda há muitas dúvidas sobre qual será o próximo premiê de Israel: “É difícil ver neste momento que tenhamos uma conclusão. É uma noite dramática”, disse o analista político Amit Segal, do canal 12.

Netanyahu, de 69 anos, é o premiê israelense que ocupou o cargo por mais tempo e se tornou um importante representante da direita na política mundial. Foi assim que se tornou um aliado de primeira hora do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Também tem ótimas relações com o mandatário americano, Donald Trump.

Tendo exercido a função inicialmente de junho de 1996 a julho de 1999, ele vem se mantendo no posto desde março de 2009 e busca um quinto mandato recorde. As seções eleitorais abriram às 7h e fecharam às 22h (horário local; 16h em Brasília) e não houve registro de problemas na votação. A apuração deve começar em breve, mas pode demorar alguns dias para terminar. Quando isto acontecer, o presidente israelense Reuven Rivlin, deverá convocar os líderes dos partidos para consultas e então indicar um deles para tentar formar um governo.

Caso ninguém seja bem-sucedido na missão, é possível que seja convocada uma nova eleição para o início de 2020, no que seria a terceira votação em menos de 12 meses. A eleição desta terça foi convocada porque Netanyahu foi incapaz de montar uma coalizão após o pleito anterior, de abril. Na ocasião, o seu partido, o conservador Likud, e o centrista Azul e Branco empataram -cada um ficou com 35 cadeiras.

No total, a coalizão de Netanyahu ficou com 60 cadeiras, contra 55 do bloco liderado por Gantz. Com isso, o primeiro-ministro tentou negociar um acordo com o Israel Nossa Casa, que tinha as cinco vagas restantes da casa. No meio do caminho, porém, estava o ex-ministro da Defesa, ex-chanceler e ex-amigo Avigdor Lieberman, líder da sigla, que já era dado como certo na coalizão com partidos de ultradireita e ultraortodoxos.

Lieberman endureceu, exigindo a aprovação de uma lei que não agradava aos ultraortodoxos. Incapaz de contemporizar e chegar ao número de 61 cadeiras, ou seja, a maioria do Knesset, Netanyahu viu sua coalizão afundar e convocou as eleições desta terça. Sua aposta era que desta vez ele e seus aliados conseguiriam uma maioria tranquila para formarem o novo governo e não dependerem mais de Lieberman, o que até o momento foi desmentido pelas pesquisas boca de urna.