Brasília

PGR resiste a proposta da Defensoria para 181 réus do 8 de janeiro

Subprocurador-geral avalia que solução da DPU, que envolve justiça reparativa, é mais demorada do que acordo previsto no Código de Processo Penal

Motta diz que não vai pautar urgência da anistia neste momento
Motta diz que não vai pautar urgência da anistia neste momento (Foto: Agência Brasil)

A Procuradoria-Geral da República resiste a aceitar pedido da DPU (Defensoria Pública da União) para um acordo de não persecução penal com 181 presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.

O entrave é a intenção da DPU de atrelar o acordo à justiça restaurativa, abordagem segundo a qual a busca por solução de conflitos teria participação ativa da vítima e do envolvido no crime.

Coordenador do grupo estratégico de combate aos atos antidemocráticos, o subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos vê dificuldade em atender ao pedido da DPU. Na avaliação dele, a justiça reparativa é um processo demorado, enquanto o acordo de não persecução penal estipulado em artigo do Código de Processo Penal “é mais rápido e pragmático.”

No acordo de não persecução penal, as partes negociam cláusulas a serem cumpridas pelo acusado. No final, há a extinção da punibilidade —ou seja, o Estado perde o direito de punir o autor do crime.

A DPU representa 427 presos pelo 8 de Janeiro. Desses, 181 estariam habilitados a fazer acordo de não persecução penal.

A Defensoria argumenta que o Ministério Público Federal não individualizou as condutas dos presos e que a maioria não pode ser condenada apenas por estarem no lugar errado e na hora errada.

Para o coordenador do grupo estratégico da PGR, no entanto, não é possível adotar tratamento diferenciado para parcela dos acusados, principalmente porque os crimes foram praticados sob influência de uma multidão.