ALVO DE GRILEIROS

Pistoleiros invadem comunidade de camponeses e destroem escola no Pará

A comunidade de cerca de 54 pessoas do Lote 96 da Gleba Bacajá, no município…

Pistoleiros invadem comunidade de camponeses e destroem escola no Pará
Pistoleiros invadem comunidade de camponeses e destroem escola no Pará (Foto: Reprodução)

A comunidade de cerca de 54 pessoas do Lote 96 da Gleba Bacajá, no município de Anapu, no Pará, viveu mais um episódio de violência, na madrugada desta sexta-feira (19). O dia nem havia clareado ainda quando homens, apontados pelos moradores como pistoleiros contratados por grileiros, invadiram o local, dispararam tiros e colocaram fogo em uma pequena escolinha feita com base de bambu.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), as polícias Militar e Civil foram acionadas e estão no local para dar apoio “e agir dentro das atribuições legais do estado”. A área é de responsabilidade da União e, por isso, de jurisdição de órgãos federais. Procurada, a Superintendência da Polícia Federal no Pará ainda não respondeu à reportagem sobre possíveis investigações acerca da ocorrência.

A área do lote 96, onde vivem agricultores e camponeses, é alvo de disputa de grileiros e demais criminosos que vivem de exploração ilegal. Este ano, a comunidade já havia sido atacada em pelo menos outras três oportunidades, quando moradias também foram incendiadas. O Ministério Público Federal tenta, na Justiça Federal, criar um assentamento nos lotes 96 e 97.

A jornalista Eliane Brum publicou um desabafo sobre o fato, nesta sexta, junto a uma foto da escolinha destruída.

“Esse cadáver era a escolinha de palha do lote 96, em Anapu. A pistolagem a mando tacou fogo na noite de ontem. Nesta semana, o líder camponês Erasmo Theofilo já tinha recebido mais uma ameaça de morte, prova do acirramento de uma violência que já era extrema. As crianças já passaram por atentados e tiveram duas casas incendiadas, só alguns meses atrás. Já estavam totalmente traumatizadas e foi difícil convencê-las a voltar à escola. E agora isso”, escreveu.

“Sabem por que os grileiros queimam a escola? Porque a escola é posse da terra, é permanência, é construção de vida, é movimento de futuro no presente. Os camponeses construíram a escola na terra onde vivem e da qual vivem. Os grileiros colocam bois para garantir a posse da terra com a qual pretendem especular. O Incra tinha criado o Assentamento Dorothy Stang, no lote 96. E depois voltou atrás por pressão da grilagem. É isso que acontece quando o Estado fica na mão das milícias”, concluiu.