Assustado

Pivô de caso de tortura em Trindade presta depoimento e diz estar sofrendo ameaças

O rapaz de 18 anos que supostamente foi o pivô para o caso de tortura…

O rapaz de 18 anos que supostamente foi o pivô para o caso de tortura em Trindade, divulgado pela imprensa na última segunda (3), disse estar revoltado por ter sido envolvido no escândalo. Ele prestou depoimento à delegada Renata Vieira na tarde desta quinta-feira (6) e confirmou ter tido um envolvimento com uma das suspeitas.

“Ele disse que está indignado porque colocaram o nome dele em tudo isso e contou que teve um envolvimento muito rápido com uma das garotas”, revela a delegada. Além da vítima e de uma das agressoras, ele afirmou conhecer apenas outra garota do grupo que arquitetou e executou o episódio de violência.

Conforme relatou à polícia, a suspeita com quem se envolveu o estava perseguindo, mesmo após o fim do breve relacionamento. “Ele disse, inclusive, que teve que bloqueá-la no celular”, conta Renata.

O rapaz confirmou a versão apresentada pela vítima de que o fato que desencadeou o ato infracional foi a ajuda que ele estava prestando à vítima para a organização de sua festa de 15 anos, que seria realizada em dezembro. Apesar disso, ele negou qualquer envolvimento sentimental com a garota.

Ameaças

De acordo com a delegada, o jovem está muito assustado com a repercussão do caso, inclusive porque há pessoas que interpretaram as informações divulgadas de forma errônea e estão pensando que ele teve algum envolvimento na tortura. “Como ele estava ajudando na preparação da festa de aniversário, há pessoas que estão achando que ele esteve envolvido com o caso por conta da festa que as meninas inventaram como pretexto para atrair a vítima”, explica a delegada.

Na delegacia, ele mostrou diversas mensagens com xingamentos e ameaças que vem recebendo nos últimos dias. “É importante divulgar que apesar de as meninas terem colocado o nome dele na história, ele não fez absolutamente nada”, ressalta Renata.

O jovem não é o único a estar recebendo ameaças. A irmã de uma das envolvidas também está sendo assediada nas redes sociais. “Por ser muito parecida com uma das adolescentes, ela está sendo confundida e recebendo xingamentos e ameaças”, detalha a titular da Delegacia de Apuração de Ato Infracional (Depai).

A mãe de uma das agressoras, também ouvida nesta quinta, revelou estar recebendo mensagens de pessoas revoltadas com o caso.

Crueldade

As agressoras planejaram todo o crime na última terça-feira (27), em reunião na casa de uma delas. A delegada conta que nesse dia elas – que estudavam na mesma escola que a vítima — ainda cavaram uma cova onde a garota seria enterrada. Para atrair a jovem, as meninas a convidaram para uma festa na quinta-feira à tarde.

Chegando ao local, a vítima foi agredida, amarrada e torturada. “Elas colocaram absorvente sujo na boca da vítima e a agrediram muito, com muita violência, com facão e martelo. Bateram com o martelo na cabeça da vítima, jogaram ela várias vezes na cova que elas tinham feito e cortaram um tendão no braço dela”, conta a delegada.

A vítima só conseguiu escapar por um descuido das adolescentes, que a deixaram sozinha enquanto foram lavar as mãos, sujas de sangue. A jovem pulou o muro e pediu ajuda a um vizinho, que chamou a polícia.

Quando a PM chegou ao local, apenas uma das agressoras estava no local. “Ela foi a que chegou atrasada na prática do ato”, disse a delegada.

Diante da gravidade do caso, a Polícia Civil expediu mandado de apreensão das meninas. A Polícia Militar então começou as buscas e apreendeu duas adolescentes na tarde de sexta-feira (30). Outras duas só foram encontradas na noite de sábado (1º). Na delegacia, elas confessaram o crime.

Nesta terça, elas foram transferidas: duas para um centro de internação em Goiânia, e as outras duas para outro centro, em Formosa. Segundo a delegada, elas foram separadas por falta de vagas no estabelecimento da capital.

Sem perdão

A mãe da garota torturada disse, em entrevista à TV Anhanguera nesta quarta (5), que não perdoa as agressoras e que não acredita na recuperação delas. “Elas vão sair pior do que entraram. Aí elas vão matar não só a minha filha como qualquer outra que olhar para elas de cara feia. Não tem perdão uma coisa dessas porque isso aí é desumano”, disse.

A mulher se viu obrigada a se mudar de casa com a filha porque moravam próximas às agressoras.