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Polícia do Qatar comete crimes contra comunidade LGBTQIA+ às vésperas da Copa do Mundo, diz ONG

Um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta segunda-feira (24) denunciou que a…

Parlamento escocês aprova lei que apoia transição de gênero
Parlamento escocês aprova lei que apoia transição de gênero (Foto: Pixabay)

Um relatório da ONG Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta segunda-feira (24) denunciou que a polícia do Qatar cometeu abusos e crimes contra membros da comunidade LGBTQIA+. O documento mostra seis casos de agressões severas e repetidas e cinco casos de assédio sexual em custódia policial entre 2019 e 2022.

De acordo com a HRW, o caso mais recente aconteceu em setembro deste ano.

Funcionários do Departamento de Segurança Preventiva do Ministério do Interior teriam levado quatro mulheres trans, uma mulher bissexual e um homem homossexual teriam sido levados para uma prisão subterrânea. Lá, contam que foram agredidos verbalmente e fisicamente, com tapas, chutes e socos.

O documento ainda expõe que as forças de segurança obtiveram confissões forçadas do grupo e negou a eles atendimento médico. Também foi negado o acesso a representação jurídica e contato com as respectivas famílias.

Vítimas dão detalhes de violência contra LGBTQIA+ no Qatar

A mulher bissexual narrou à ONG que foi espancada a ponto de perder a consciência várias vezes. Uma das mulheres trans contou que ficou cerca de dois meses em uma cela subterrânea. Lá, disse que foi agredida todos os dias, teve os cabelos raspados. Além disso, afirmou ela, foi obrigada a tirar a camiseta e teve os seis fotografados.

As vítimas também disseram que foram obrigados a desbloquear os celulares e ceder às forças policiais contatos de outras pessoas da comunidade LGBTQIA+.

Homossexualidade é ilegal no Qatar?

Vale lembrar que o Qatar é um país conservador, onde a maioria da população é muçulmana. Não apenas a homossexualidade é ilegal, como é proibido o casamento e até mesmo relações entre pessoas do mesmo sexo. A punição pode chegar a sete anos de prisão.

Além disso, há em vigor no país uma lei de 2002 que permite até seis meses de reclusão de qualquer pessoa se acusações formais, “caso existam motivos para acreditar que a pessoa cometeu um crime”. De acordo com o HRW, os membros da comunidade LGBTQIA+ foram retidos com base nesta lei.

Às vésperas da Copa do Mundo, órgãos que defendem os direitos humanos estão com uma lupa sob o país. A expectativa é de que ao menos um milhão de turistas visitem o local para assistir aos jogos.

Um funcionário do regime do Qatar disse que as informações do relatório da ONG são falsas. Também sublinhou que o país não tolera discriminação contra ninguém que a polícia tem compromisso com os direitos humanos.

Posicionamento da FIFA

A ONG pediu à FIFA que garanta que leis de proteção às pessoas LGBTQIA+ sejam cumpridas durante a Copa do Mundo. A federação afirmou que bandeiras do arco-íris e outros símbolos da comunidade serão permitidos dentro e nos arredores dos estádios. Também foi reiterado que todos os torcedores serão bem-vindos aos jogos.

*com informações da Folha