Polícia Federal investiga tráfico de meninos indígenas da Amazônia para a Turquia
Jovens eram atraídos com a promessa de estudar na Turquia
A Polícia Federal está investigando um esquema que envolve doutrinação religiosa e tráfico humano de meninos indígenas da Amazônia. Segundo uma reportagem exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo, no domingo, 23, a Associação Solidária Humanitária do Amazonas está sob suspeita de converter indígenas ao Islã e levá-los para a Turquia.
Recentemente, cinco indígenas que participavam desse programa foram deportados da Turquia, após terem ficado detidos em Istambul por três semanas. A Polícia Federal está investigando as atividades desses jovens na Turquia.
Os indígenas envolvidos nesse esquema são considerados extremamente vulneráveis e acabam se tornando presas fáceis para essas organizações criminosas. Eles eram atraídos com a promessa de estudar na Turquia e se tornarem profissionais como médicos, advogados, teólogos e engenheiros, mas, na realidade, o processo se tratava de servidão, imposição religiosa e doutrinação.
Pelo menos oito pessoas, entre turcos e brasileiros, estão sendo suspeitas de envolvimento nesse esquema. O líder da Associação Solidária Humanitária do Amazonas, Abdulhakim Tokdemir, teve seus pertences apreendidos, incluindo passaporte, computador e celular, e seus sigilos fiscal e bancário foram quebrados.
A delegada da Polícia Federal no Amazonas, Letícia Prado, explicou que o tráfico não necessariamente ocorre com pessoas acorrentadas e sofrendo agressões, mas pode acontecer por meio de convites para outros países, onde as pessoas vão voluntariamente, mas sem saber exatamente as condições a que serão submetidas.
Um dos casos relatados pelo programa Fantástico envolve indígenas da comunidade Taracuá, localizada a cinco horas de barco de Manaus. Uma mãe contou que seu filho deixou o Brasil aos 15 anos e já está há dois anos na Turquia, junto com um grupo de cerca de 15 pessoas.
O programa Fantástico tentou entrar em contato com a associação, mas não obteve resposta. Já Abdulhakim Tokdemir afirmou à PF que não tem a intenção de converter indígenas, mas se alguém quiser aprender sobre o Islã, ele sente a obrigação de ensinar.
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