Assédio

Polícia investiga professor por assédio contra ex-aluna no CE: ‘Quero beber-te todinha’

A Polícia Civil do Ceará abriu um inquérito para investigar uma denúncia de importunação sexual…

A Polícia Civil do Ceará abriu um inquérito para investigar uma denúncia de importunação sexual por parte do professor Douglas Dâmaso dos Santos, da Universidade Estadual do Ceará (UECE). O docente enviou uma série de mensagens nas quais assedia a também professora Elielma Rodrigues, de 30 anos. A vítima foi aluna do servidor público durante o curso de graduação na instituição de ensino.

Elielma relata ter sofrido investidas de Santos desde quando frequentava a faculdade, sobretudo, nos três primeiros semestres do curso de História, entre os anos de 2010 e 2011, na Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (Feclesc), campus de Quixadá. Mas desde o começo de 2020 a insistência do professor se transformou em assédio explícito nas redes sociais.

“Lindinha de minha vida, quero beber-te todinha”, comentou Santos em uma foto publicada por Elielma no Facebook, em junho do ano passado. A postagem era aberta e os amigos e seguidores da vítima puderam ler o comentário.

Em setembro, Santos voltou a enviar mensagens para a ex-aluna. Dessa vez em particular e usando termos de baixo calão. “Olá nenenzinha de meu coração, acordei hoje com tanta vontade de te chupar todinha”, escreveu Santos. “Enterrar-me-ia todinho nessa florzinha linda e gostosa mais que tudo”, acrescentou.


A mesma linguagem vulgar voltou à tona em dezembro. Na ocasião, Santos afirmou que estava com vontade de “beber a tua xo…”. Após essa última mensagem, Elielma bloqueou o professor nas redes sociais.

— Ele sempre teve um comportamento inapropriado para a sala de aula, a mania de falar com mulheres tocando e fazer elogios se fosse com roupa mais decotada. Isso não era só comigo na faculdade, mas com todas e eu nunca dei liberdade. Mas no começo da pandemia eu não sei o que aconteceu, as mensagens começaram a mudar de figura. Toda hora que eu abria o Facebook tinha mensagem dele, algumas muito pesadas — disse Elielma, em entrevista ao GLOBO.

As mensagens começaram no privado, mas depois passaram a ser feitas em público, o que gerou problemas para a vítima.

— Ele chamou meu filho de “nosso filhinho”, o que gerou um constrangimento, porque a avó paterna me perguntou duas vezes, querendo saber o que significava isso — relatou Elielma.

Procura pela mãe

Uma vez bloqueado pela vítima, Santos passou a incomodar seus parentes. De acordo com Elielma, o professor universitário adicionou sua mãe nas redes sociais, fez contato com seu irmão e mandou mensagens para seu filho na tentativa de obter o número de seu celular.

— No fim de 2021 eu resolvi que não aguentaria mais aquela situação. Já cansada, eu bloqueei achando que seria suficiente para encerrar essa história, era minha intenção encerrar ali — afirmou.

Elielma registrou o boletim de ocorrência em 31 de março. Na ocasião, ela apresentou cópias das mensagens e um inquérito foi instaurado. Em nota, a Polícia Civil informou que “a vítima recebia mensagens inoportunas em suas redes sociais e de familiares” e que diligências e oitivas estão em andamento.

A UECE informou que a Ouvidoria da instituição recebeu uma denúncia contra o professor em 30 de março. E acrescentou que os fatos “já estão sendo apurados para aplicação das providências cabíveis”. O comunicado também sustenta que a universidade tem “forte compromisso no combate ao assédio sexual e à violência contra a mulher”.

O GLOBO procurou Santos por meio de suas redes sociais, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.