MANIFESTAÇÃO

Protesto em Goiânia condena assassinato de negro no Carrefour

Um grupo de manifestantes se reuniu, na manhã deste sábado (21), em frente ao Carrefour…

Acordo repara danos pela morte de cliente espancado em loja do grupo Carrefour terá de pagar mais de 800 bolsas para estudantes negros

Um grupo de manifestantes se reuniu, na manhã deste sábado (21), em frente ao Carrefour da Avenida T-9, em Goiânia, em protesto contra o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro que foi espancado até a morte em um supermercado da rede Carrefour, em Porto Alegre, na última quinta-feira (19).

Segundo pessoas que compareceram ao ato, a loja trancou os portões ao perceber a chegada dos manifestantes, só permitindo a saída de clientes que já estavam no estabelecimento. Uma equipe da Polícia Militar estava posicionada dentro do supermercado para impedir a entrada dos manifestantes.

Manifestantes erguem cartazes em faixa de pedestres, em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás)

A organização foi feita pelas redes sociais e reuniu cerca de 70 pessoas, entre elas professores, estudantes e adeptos do movimento Antifacista. Alguns tentaram entrar pelos portões e foram impedidos pelos seguranças da rede.

“Goiânia ainda é uma cidade muito conservadora e de certo modo muito racista. Basta olharmos para as pessoas eleitas nestas eleições. É fundamental que pensemos em políticas públicas para combater o racismo estrutural e recreativo que mata tantas pessoas. Uma sociedade Antirracista avança no nível de Humanidade”, defendeu uma das organizadoras do protesto, a professora Manu Jacob.

Manifestante em frente ao Carrefour, em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa / Mais Goiás)

O protesto se dispersou por volta das 13h40 da tarde, sem nenhum registro de violência. O supermercado ficou cerca de 2 horas fechado.

Manifestações pelo país

Vidro de shopping onde fica Carrefour foi atingido por manifestantes nesta sexta-feira (20) em SP (Foto: Divulgação)

Outras manifestações foram realizadas pelo país contra o assassinato de João Alberto e também pela vida de pessoas negras. Em São Paulo, aconteceu a 17ª Marcha do Dia da Consciência Negra, nesta sexta-feira (20), em que uma loja do Carrefour teve seus produtos quebrados e princípio de incêndio, que foi controlado pelos próprios funcionários da empresa.

Criticados por outras pessoas, os manifestantes foram alvejados com ovos e garrafas, jogados de prédios residenciais.

Na opinião do ativista goiano do movimento negro, Rafael Wollice, a discussão sobre manifestações e atos de vandalismo acabam fugindo do real problema. “É uma forma de fugir do real problema, que é o racismo. Enquanto no Brasil as pessoas continuarem pensando que antirracismo é uma hashtag, o genocídio do povo negro e todas as desigualdades raciais vão continuar aí escancaradas”, diz Rafael.

“Infelizmente, João Alberto não foi o primeiro, e por mais que esperemos por mudança, não será o último. Pelo menos não enquanto a discussão em pauta for as manifestações, e não o racismo em si”, afirma o ativista.

O crime

João Alberto Silveira Freitas, de 40 anos, teria discutido com a caixa do supermercado Carrefour e foi conduzido pelo segurança até o estacionamento, no andar inferior. Um cliente, policial militar temporário, acompanhou o deslocamento, que acabou no espancamento de Freitas. O segurança e o PM temporário foram presos, suspeitos de homicídio doloso.

Após o caso vir à tona, o Carrefour decidiu romper o contrato com a empresa de segurança e fechará a loja em Porto Alegre. Em nota, o mercado afirmou que “adotará as medidas cabíveis para responsabilizar os envolvidos neste ato criminoso”.