LUTO NO JORNALISTA

Relembre a carreira da jornalista goiana Cristiana Lôbo, morta vítima de câncer

Cristiana dos Santos Mendes Lôbo, mais conhecida como Cristiana Lôbo, nasceu em Goiânia em 18…

Relembre a carreira da jornalista Cristiana Lôbo, morta vítima de câncer
Relembre a carreira da jornalista Cristiana Lôbo, morta vítima de câncer (Foto: divulgação - G1)

Cristiana dos Santos Mendes Lôbo, mais conhecida como Cristiana Lôbo, nasceu em Goiânia em 18 de agosto de 1957. Ela se formou em jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e iniciou na profissão através do jornal impresso. Entretanto, esse não era seu objetivo inicial, mas, sim, ter um programa de música no rádio. A jornalista morreu nesta quinta-feira (11/11), aos 64 anos, vítima de mieloma, um tipo de câncer que atinge as células da medula óssea.

Os caminhos levaram Cristiana a cobrir política em Goiás e, mais tarde em Brasília. Em pouco tempo, ela foi encontrada para trabalhar para O Globo. Neste momento, ela foi setorista do Ministério da Saúde, onde presenciou a criação da caderneta de vacinação, que ajudou na mortalidade infantil no país.

Logo depois, ela passou a setorizar o Ministério da Educação. “Foi ali que aprendi que você tem de trabalhar de manhã até a noite. E nunca larguei disso”, contou ao Memória Globo.

Ela também acompanhou os governos de João Figueiredo, José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Relembre a carreira de Cristiana Lôbo

A jornalista lembrou que, no início dos anos 1980, ela passou uma situação engraçada. Ela estava em Brasília e o editor lhe mandou para um dos candidatos ao cargo de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência daquela época. Porém, ele esqueceu de dispensá-la do plantão e, assim ficou a noite toda esperando, em vão, já que o escolhido foi outro.

Ela ressaltou que isso lhe ajudou a amadurecer, inclusive em um momento intenso na sua vida profissional, que foi na cobertura da companha das eleições diretas no Brasil, em 1984. “Naquele tempo, não existia celular, nem internet, a única coisa que havia era um telefone que você apertava e a redação ouvia. Eles pediam 15 linhas, e a gente tinha de fazer o retrato daquele momento”, recordou.

O ritmo frenético de trabalho não diminuiu e isso chegou a impactar a sua vida pessoal durante o governo de José Sarney, como ela destacou no depoimento ao Memória Globo. “No dia em que foi editado o Plano Cruzado, de reforma da economia, eu tinha voltado da minha licença-maternidade. Saí de casa às 7h, voltei às 23h. Cheguei a ter febre. E nesse dia o bebê não mamou.”

Ela pontuou que as relações entre a cúpula do governo Collor com os jornalistas eram tensas. Em um dos casos, ela estava em um corredor do prédio anexo do Palácio do Planalto e encontrou o Collor vindo em direção contrária. Ela chegou a pensar que conseguiria uma entrevista, mas o político virou para outro lado e a exclusiva, claro, não aconteceu.

Enquanto esteve no Jornal O Globo, ela trabalhou na coluna Panorama Política e na Coluna do Swann. Ela se especializou em notas curtas, que lhe ajudou no trabalho na televisão. Cristiana ainda também passou pelo O Estado de São Paulo, onde assumiu a coluna política.

Cristiana estreou na GloboNews em 1997

A estreia da goiana no canal de hardnews foi como comentarista no Jornal das Dez. “Eu trato a televisão como eu tratava a coluna do jornal: converso com várias pessoas durante o dia. Às vezes tem um assunto do dia, que é interessante comentar, outras vezes tem um assunto novo, que você mesma traz”, comentou.

Mesmo realizando análises políticas, a jornalista realizava coberturas especiais. Uma delas, como foi relembrada, foi a transição de governo entre FHC e Lula. “Teve um dia em que fiquei no ar de manhã até a noite, porque a gente ia descobrindo quem é que saía e quem entrava. Era o paraíso para nós: notícia o dia inteiro. Para mim, melhor do que isso, só os filhos!”.

Em 2003, ela integrou o programa Fatos e Versões, que era apresentado por Franklin Martin. A goiana fica à frente do quadro Papo no Cafezinho, que mostrava os bastidores da política.

“O Fatos e Versões é um programa de tanto sucesso porque ele fala dos bastidores da política e isso interessa às pessoas. Quando você fala dos bastidores é exatamente contar sem precisar opinar, contar para as pessoas o que está por trás de cada notícia, de cada decisão’, ressalta.

Em 2006, ela passou a ser titular do programa, que ficou ao ar até março de 2020, quando a pandemia mudou toda a progamação do canal de notícias na TV fechada. O programa, inclusive, foi a vitrine para grandes nomes de comentaristas da Globo, como Andreia Sadi, Natuza Neri e Júlia Duailibi.

Além dele, Cristiana continua como comentarista no Jornal da Dez, participava do Estúdio I, ao lado de Maria Beltrão. Ela também tinha um blog no g1 que se chama Os Bastidores da Política e ainda fez parte do quadro Meninas do Jô, aos lado de Jô Soares, junto com as colegas Lilian Witte Fibe, Ana Maria Tahan e Cristina Serra.

Relembre a carreira da jornalista Cristiana Lôbo, morta vítima de câncer

Cristiana Lôbo ao lado de  Lilian Witte Fibe, Ana Maria Tahan, Cristina Serra e Jô Soares (Foto: TV Globo)

A jornalista foi internada desde o último final de semana no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para tratar um pneumonia. Ela deixa marido, Murilo, dois filhos, Bárbara e Gustavo, e os netos Antônio e Miguel.