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Rosa Weber vota contra criminalização do aborto até 12 semanas

Julgamento teve pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso e será levado ao plenário físico

Rosa Weber vota contra criminalização do aborto até 12 semanas Julgamento no STF será levado ao plenário físico
Ministra Rosa Weber marca julgamento de ação que descriminaliza aborto (Foto: Agência Brasil)

A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votou a favor da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. O voto da ministra foi proferido em julgamento iniciado à meia-noite desta sexta-feira (22) no plenário virtual da Corte.

A ministra, que é relatora do processo no STF sobre a descriminalização do aborto nas primeiras 12 semanas de gestação, argumentou que a criminalização do aborto não é uma política estatal adequada para lidar com essa questão. Ela baseou seu argumento em estatísticas e informações apresentadas durante a audiência pública realizada pelo STF ao longo do processo.

A ministra destacou que a questão da criminalização do aborto tem persistido no país por mais de setenta anos e que as mulheres foram silenciadas quando o Código Penal de 1940 foi estabelecido. Ela ressaltou que a decisão sobre a interrupção da gravidez envolve a liberdade e autonomia da mulher e que essa questão não pertence ao campo jurídico, mas sim à esfera pessoal.

A ministra argumentou que a proteção da vida humana varia de acordo com o estágio de desenvolvimento do feto, e que o interesse em proteger o feto diminui à medida que aumenta a proteção dos direitos da mulher. Ela enfatizou que não é possível falar em direito fundamental à vida do embrião ou feto quando se considera a concorrência de valores fundamentais.

Segundo a ministra, a maternidade deve ser uma escolha livre da mulher, e a atuação do Legislativo não é necessária para resolver essa questão, pois as medidas normativas existentes não são proporcionais à proteção dos direitos fundamentais das mulheres e do feto.

A ministra argumentou que as mulheres que decidem interromper a gestação nas primeiras doze semanas têm o direito ao mesmo respeito e consideração na sociedade e no sistema jurídico que aquelas que escolhem a maternidade.

Atualmente, o aborto é criminalizado no Brasil, exceto em casos de risco à vida da gestante, estupro ou anencefalia fetal, com base em disposições legais vigentes desde 1940, com a última exceção estabelecida em 2012 por uma decisão do STF.

Quem tem direito ao aborto?

Nos casos em que é permitido, o aborto deve ser oferecido no sistema público de saúde, em qualquer estabelecimento que tenha a equipe necessária. Porém, na prática, o serviço acaba ficando restrito a poucos hospitais. Mesmo nos casos em que é autorizado por lei, o aborto gera reação contrária de entidades e grupos conservadores e religiosos. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por exemplo, divulgou nota criticando a retomada dos debates.