ELEIÇÕES

Roupa branca e pauta feminina: as influências de Tebet na campanha de Lula

Terceira colocada na disputa pela Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) passou a auxiliar a…

Ministra do Planejamento citou preocupação com responsabilidade fiscal Tebet toma posse e destaca 'divergência' econômica com equipe
(Foto: Divulgação)

Terceira colocada na disputa pela Presidência, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) passou a auxiliar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Além de apresentar propostas a serem incorporadas no programa de governo do petista, a parlamentar sugeriu que ele trocasse o vermelho, cor tradicional do PT, pelo branco em atos da campanha, além de amplificar o discurso da defesa da igualdade salarial e da participação de mulheres no governo. A intenção da emedebista é atrair para Lula o eleitor de centro que votou nela no primeiro turno.

A mudança de cor já foi adotada em ato no Rio de Janeiro nesta terça-feira, quando o próprio Lula divulgou, em suas redes sociais, um flyer chamando para uma caminhada em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, e conclamando as pessoas a usarem branco. “Pelo amor e pela paz, vamos usar branco”, diz a peça.

Flyer de divulgação do evento pede que público use roupa branca — Foto: Reprodução

Flyer de divulgação do evento pede que público use roupa branca — Foto: Reprodução

Esse ato terá a participação de Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, prefeito da cidade e presidente estadual do União Brasil, o que garantiu um palanque ao petista no estado. “Hoje à noite farei um ato em Belford Roxo, cidade do prefeito Waguinho, no Rio de Janeiro. Vamos conversar com pessoas que não votaram na gente no 1º turno e conquistar novos votos. Temos 19 dias. Vamos em frente!”, escreveu o presidente.

Igualdade salarial

Já o aval à pauta da igualdade salarial entre homens e mulheres foi o pedido mais taxativo de endosso a alguma proposta feito pela senadora. Apesar de o tema constar nas diretrizes de governo do petista, ganhou mais destaque nessa nova etapa da campanha, assim como os acenos à participação de mulheres em seu governo.

Tebet apresentou cinco pontos para serem incorporados à campanha petista: zerar as filas da educação infantil e de exames e consultas, implementação do ensino médico técnico com o poupança jovem, tratar do endividamento das famílias, a sanção da lei da igualdade salarial e um ministério plural, com participação de mulheres e negros. Lula citou os dois pontos em discurso para militância em Minas Gerais, no domingo.

— A gente vai regulamentar: mulher e homem trabalho igual, salário igual — declarou o ex-presidente em comício em Belo Horizonte, acrescentando: — Eu não sei quantas mulheres vão estar no governo, mas vai ter mulher pra caramba no governo.

Tebet havia se comprometido com um ministério paritário, com o mesmo número de homens e mulheres nas posições-chave. Lula nunca quantificou a presença de mulheres em seu primeiro escalão, caso seja eleito.

Essa foi a segunda vez em cinco dias que Lula falou sobre o assunto em compromisso de campanha. A primeira menção à pauta da igualdade salarial no segundo turno foi feita em caminhada em São Bernardo do Campo, depois do almoço que teve com Tebet no dia 5 de outubro, antes da oficialização do apoio da emedebista à campanha. Na ocasião, Lula disse que regulamentaria a proposta da igualdade salarial:

— A mulher continua ganhando menos que o homem no mercado de trabalho. Nós vamos regulamentar para que a mulher, fazendo o mesmo trabalho, ela ganhe o mesmo salário que o homem, porque a mulher não pode ser tratada como cidadã de segunda classe.

As diretrizes de governo do petista trazem como objetivo a construção de um país que “caminhe rumo à equidade de direitos, salários iguais para trabalhos iguais em todas as profissões”.

A proposta de igualdade salarial ganhou força no Senado, com ampla defesa da bancada feminina, que foi comandada por Tebet. O projeto, que pune com multa as empresas que pagam salários diferentes para homens e mulheres na mesma função, havia sido aprovado na Câmara e Senado no ano passado.

Mas, sob risco de veto pelo presidente Jair Bolsonaro, que dizia que a proposta poderia impossibilitar o emprego de mulheres, os parlamentares alegaram uma questão técnica para que o texto voltasse ao Congresso. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), alegou que os senadores promoveram alterações no mérito da proposta, que precisaria ter sido analisada novamente pelos deputados, e não encaminhada à sanção. Isso ocorreu em abril de 2021 e desde então o projeto não avançou.