Denúncias

Sexo, armas e meditação: ex-integrantes acusam Osho no RS de abusos e agressões

Grupo que vende cadernos em bares e recebeu apelido de 'seita da suruba' é acusado de violência física e psicológica

Comunidade Osho no RS: alvo de denúncias (Foto: Pixabay)
Comunidade Osho no RS: alvo de denúncias (Foto: Pixabay)

(Folhapress) É domingo de manhã e 30 pessoas tiram as roupas, colocam vendas nos olhos e se deitam no chão de um amplo salão com piso de madeira em meio ao verde da zona rural de Viamão, na Grande Porto Alegre (RS).

Uma música dá o clima e embala as primeiras carícias, que viram pegação. Quem ergue o braço recebe na mão uma camisinha.

O que pode parecer uma suruba organizada era tratado pelo grupo como um processo terapêutico, parte da Maratona de Potencial Sexual, iniciada dois dias antes entre membros da Comunidade Osho Rachana, a cerca de 40 quilômetros da capital gaúcha.

O sítio, que já foi casa para mais de cem pessoas, a maioria entre 25 e 35 anos, foi comprado em 1991 por um grupo de discípulos de Osho (1931-1990), o controverso líder espiritual indiano apelidado de “guru do sexo”, que pregava o materialismo espiritual e teve mais de 90 carros Rolls-Royce.

Nos anos 1970 e 1980, Osho converteu multidões de jovens ao seu movimento rajneesh, que criticava a religião e educação tradicionais, pregava o amor livre e prescrevia meditações ativas. Batizados com nomes em sânscrito, eles eram organizados em comunidades fechadas, uma delas retratada na premiada série documental “Wild Wild Country”, da Netflix.

Este modelo inspirou a comunidade gaúcha de Viamão, conhecida nas redondezas como “sítio dos pelados”. A alcunha se deve à centralidade do sexo na proposta terapêutica do grupo. Um método próprio que mistura elementos da terapia bioenergética, baseada nas teorias do psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), com as meditações ativas criadas por Osho. Durante a pandemia, como na série, a cúpula da comunidade gaúcha comprou armas para se defender de potenciais ataques, depois apreendidas pela polícia.