Eleições municipais

“Temos que instalar a meritocracia na prefeitura de Goiânia”, diz Vecci

Giusseppe Vecci (PSDB) é a figura de um empresário de sucesso. Casado, católico e pai de três…

Giusseppe Vecci (PSDB) é a figura de um empresário de sucesso. Casado, católico e pai de três filhos, o economista, mesmo com a rotina agitada como deputado federal e como pré-candidato à prefeitura de Goiânia, ainda arruma um tempinho para pescar em sua propriedade no Lago das Brisas, em Buriti Alegre, aos finais de semana. Para continuar em forma aos 59 anos, ele também se exercita todas as segundas, quartas e sextas-feiras no Jardim Botânico, em Brasília. Mas essas atividades de lazer já estão com os dias contados. Inquieto, Vecci concedeu entrevista ao Mais Goiás já prevendo o próximo compromisso. Para o peessedebista, é necessário correr contra o tempo.

Apesar de morar em Goiânia há 45 anos e de ter atuado vários anos no governo estadual, além de sair vitorioso nas eleições em 2014, Vecci apareceu com apenas 3% das intenções de votos na última pesquisa eleitoral para a prefeitura de Goiânia. O empresário agora luta para ser conhecido pelos goianienses, já que o levantamento mostrou ainda que cerca de 70% da população desconhece o peessedebista. Para isso, ele tem gastado muita sola de sapato. Já foram centenas de reuniões, visitas e eventos promovidos por ele e por seu partido para ajudá-lo a se aproximar da população.

Apesar de ainda não ter o plano de governo fechado e de ainda estar negociando com outros partidos, Vecci adiantou que, caso eleito, pretende fazer uma gestão focada no planejamento e na modernização para enxugar gastos e ampliar recursos. Ele ainda disse que pretende fiscalizar e até rever os contratos de concessões com as empresas de transporte coletivo na capital e ainda acredita que não é necessário construir mais Cmeis em Goiânia. “Nós precisamos é adquirir vagas de creches em convênios com igrejas, com sindicatos, com associações”, disse o pré-candidato. Confira os principais trechos da entrevista:

Mais Goiás – Desde final fevereiro o senhor está em pré-campanha, mas as duas pesquisas eleitorais que foram publicadas colocam o seu nome com 1 e 3 % apenas. Porque o senhor ainda não é reconhecido pelos eleitores goianienses?
Giuseppe Vecci – Como eu disse, 70% da população não me conhece.

MG – O senhor espera reverter isso apenas durante a campanha?
Não, eu espero reverter isso na pré-campanha, nesse esforço que estou fazendo. Eu comecei com 0,7% na pesquisa que nós tínhamos, pulei para 1,4% na outra pesquisa e já estou com 3%. Na pesquisa espontânea estou em quarto lugar, na rejeição eu estou em quinto lugar, sou um dos menos rejeitados. Há um espaço de crescimento grandioso e acho que as pessoas que estão em primeiro lugar são pessoas que já tem uma experiência de longo tempo: Iris Rezende que foi governador duas vezes e prefeito três vezes, e o próprio Delegado Waldir que nas eleições para deputado federal teve o voto de um em cada cinco goianienses. Então nada mais natural que eles possam estar nessa situação. Apesar de não ser fisicamente conhecido pelas pessoas, elas já sabem aquilo que eu já fiz. Eu ajudei a criar a Universidade Estadual de Goiás, a Bolsa Universitária, o Vapt Vupt, o Banco do Povo, o Cheque Reforma, o Cheque Moradia e tantas outras questões que, ao longo da minha vida como gestor, auxiliei governos a implementar num nível de sensibilidade social muito grande.

MG – Como estão as conversas em relação a apoios e coligações?
Todos nós estamos procurando ter alianças maiores que possam consolidar a candidatura. Eu já tive o apoio oficial do PP, que é um partido grande e estamos aí como os demais candidatos discutindo a formação de alianças. Eu espero, até o fim do mês, estar com essas conversas fechadas.

MG – Temos mais de dez pré-candidatos à prefeitura. O senhor acredita ser possível uma aliança entre esses nomes ainda no primeiro turno?
Eu diria que é possível que alguns pré-candidatos não sejam candidatos. Nós temos até final de julho para fazer as convenções, então é possível que alguns pré-candidatos não sejam candidatos.

MG – O senhor tem o apoio do governador Marconi Perillo que, apesar da boa avaliação, tem recebido críticas por implantar terceirizações em alguns setores e também por dar declarações dizendo ser contra a estabilidade do serviço público. A Prefeitura de Goiânia também enfrenta atualmente diversos problemas com os servidores. O que o senhor pensa fazer a respeito? Caso eleito, irá também tentar terceirizar algumas áreas da prefeitura?
Eu tenho uma relação muito firme com a profissionalização do serviço público e é nisso que acho que precisamos trabalhar dentro da prefeitura: profissionalizar o serviço público. Temos que criar uma estrutura melhor, criar condições de melhorar a produtividade do servidor, e se aumenta a produtividade com novos processos, com qualificação e com tecnologia. Então minha prioridade, num primeiro momento, é com os servidores existentes, em qualificá-los, em criar condições de melhorar a produtividade. E não estou discutindo no meu plano de governo qualquer processo inicial de terceirização, e sim de melhoria de profissionalização.

MG – Em Goiânia a atual gestão da prefeitura também tem enfrentado dificuldades na área da Educação, não só pela falta de vagas nos Cmeis, mas também pelos embates com os professores, que reclamam de cortes. Como o senhor pretende resolver esses problemas, caso seja eleito?
Nós temos que terminar as obras dos Cmeis existentes e acho que não temos que construir mais nenhum. Nós precisamos é adquirir vagas de creches de convênios com igrejas, com sindicatos, com associações. Tudo isso não precisa de construção, precisa de padronização. Então acho que, além de reforçar os Cmeis, nós temos que ampliar adquirindo novas vagas de outros segmentos da comunidade. E é necessário que a gente possa criar um grande programa de profissionalização. É preciso uma grande aliança entre o governo estadual, com o governo federal, entre as faculdades para que a gente possa capacitar, usando inclusive as escolas municipais à noite para podermos qualificar melhor a população, e transformando também as escolas durante o fim de semana em um ambiente de esporte e de lazer. Tem bairro que só tem uma quadra de esportes dentro da escola e ela está fechada no final de semana. Então tudo isso são propostas que não são caras, mas que exigem uma capacidade de aglutinação e de planejamento muito grande. Eu fui professor muito tempo e sou dono de faculdade, e eu não vejo como ir para frente qualquer proposta na área educacional se você não tiver um professor comprometido nesse processo, e uma dessas questões de comprometimento é a questão salarial. Mas acho também que a questão da meritocracia é uma questão que temos que instalar na prefeitura de Goiânia, que já foi feita no Estado. São as melhores cabeças sendo valorizadas.

MG – A atual gestão da Prefeitura de Goiânia implantou algumas medidas que priorizam o transporte coletivo em detrimento ao individual. Foram implantadas ciclovias e corredores exclusivos de ônibus. Como o senhor avalia essas ações da prefeitura e o que senhor pensa fazer em relação à mobilidade?
Entendo que a questão mobilidade, da ciclovia, do espaço para os pedestres, tudo isso é salutar, é construtivo e nós temos que perseguir isso. Mas não dá para fazer ciclovia na Avenida Assis Chateaubriand ou na T-7, porque se você escorregar você já está debaixo de um carro. E não dá para fazer ciclovia também só nos finais de semana, tem que fazer para o dia a dia, não é excludente de fazer nos finais de semana, mas tem que fazer para o pessoal ir trabalhar. Sou favorável a ciclovia, sou favorável a formas alternativas de locomoção, e entendo que aí é uma questão de gestão. A prefeitura não faz gestão do transporte coletivo, ela não fiscaliza. Ela tem um contrato de concessão que foi feito e nele está escrito que o transporte será legal, que os terminais serão legais, que os pontos de ônibus serão implantados, que vai ter mais ônibus na hora do pico. Então a prefeitura não está exercitando o papel na administração pública de fiscalizar melhor o contrato existente. Se não for possível realizar com esses contratos, aí sim, a gente parte para outra questão.

MG – O senhor pretende rever os contratos de concessão?
Não. Eu pretendo fiscalizar os contratos.

MG – E se a empresa não tiver cumprindo os termos…
Aí com certeza é rever. Eu espero chegar ao ponto de rompimento, se for necessário. Esse é o papel do prefeito.

Principais propostas de Giuseppe Vecci:

– Descentralização da Prefeitura: Através de uma gestão planejada, criar oito subprefeituras em regiões estratégicas de Goiânia para oferecer atendimento e serviços ao cidadão, como Vapt Vupt, Restaurante Cidadão, etc. A ideia pretende aproximar o cidadão da gestão do seu próprio bairro e garantir acesso a serviços sem ter que se descolar para o centro da cidade.
– Fiscalizar os contratos de concessão do transporte coletivo: Endurecer a fiscalização em cima dos contratos de concessão do transporte coletivo em Goiânia. Caso a empresa não cumpra com o que foi firmado em documento, a prefeitura entraria com ação para cancelar o contrato de concessão.
– Ampliar as Parcerias Público-Privadas (PPP): A estratégia é viabilizar obras e alavancar recursos através de parcerias com empresas privadas via PPP ou por concessões.
– Ampliar vagas de Cmeis através de convênios: Ao invés de construir novas unidades, a prefeitura faria convênios com igrejas, associações e sindicatos para ampliar o número de vagas na educação infantil.