Eleições 2016

“Um político com fé é um político melhor”, diz Francisco Júnior

A religiosidade é parte constante da vida de Francisco Júnior. Seja em seu discurso, seja…

A religiosidade é parte constante da vida de Francisco Júnior. Seja em seu discurso, seja nas referências ao cristianismo na decoração de seu escritório, o deputado estadual demonstra bastante orgulho de seu histórico dentro da Igreja Católica, onde foi fundador de um dos primeiros grupos de jovens em Goiânia da Renovação Carismática Católica, entidade da qual foi escolhido coordenador Arquidiocesano, depois coordenador Estadual e membro do Conselho Nacional. “Eu acredito que a fé faz a pessoa ser uma pessoa melhor”, diz ele.

Porém, não é só na crença em Deus que se baseia o projeto político de Francisco Júnior. Ele também se utiliza de seu vasto conhecimento sobre a cidade adquirido em seus mandatos como vereador, deputado e presidente da Câmara, além de ter coordenado o projeto do Plano Diretor da capital e ter obtido o título de mestre em Desenvolvimento Urbano de Planejamento Territorial pela PUC-GO com uma dissertação sobre a cidade.

E é com base em seus estudos, assim como no diálogo com a população, que ele defende uma mudança profunda no sistema administrativo, começando pela descentralização da gestão. “Na medida em que a gente descentraliza, a gente aproxima a administração municipal do cidadão. Ao mesmo tempo vamos fazer isso de uma forma mais eficaz, mais moderna, usando os meios de tecnologia, mas acima de tudo da visão de que a cidade tem que estar a serviço do morador, e não o contrário”, ressalta.

Outras propostas do pré-candidato são a ampliação do sistema de rotas cicláveis, o subsídio para garantir a redução do valor da passagem de ônibus, o maior investimento na saúde preventiva e a implantação de um amplo sistema de monitoramento que garanta a segurança da população.

Confira os principais trechos da entrevista:

O senhor já foi secretário, vereador e agora cumpre mandato como deputado estadual. Por que decidiu encarar neste momento o desafio de concorrer à prefeitura?

Eu me preparei para a Prefeitura de Goiânia em toda a minha vida pública. Comecei minha vida pública como secretário de Planejamento. Depois, fiz um mestrado sobre Goiânia. Depois, fui vereador e deputado estadual, sempre tendo como base Goiânia. Então meu olhar de homem público sempre foi voltado para a cidade de Goiânia. E o meu partido, o PSD, decidiu no ano passado ainda que neste ano ele participaria do pleito com uma candidatura. Iniciou então uma discussão interna, de quem seria o nome do partido. Em um primeiro momento havia vários nomes, depois fomos discutindo, afunilando, até que como não saiu uma definição espontânea foi necessária uma votação, conforme o estatuto do partido. Então a executiva municipal fez a votação com os dois nomes na época, que eram o meu e o do deputado Virmondes Cruvinel, e eu ganhei de forma ampla. Então o partido fechou a questão de que trabalharia para viabilizar uma candidatura do PSD nesse pleito e estamos trabalhando. Teve uma próxima etapa, que foi montar uma boa chapa de vereadores. Houve um esforço para filiar pessoas novas. Então hoje temos a possibilidade de uma chapa completa, sem necessidade de uma coligação proporcional. Estamos cumprindo etapa com o firme propósito de ter candidato agora em agosto.

Neste momento a base do governador Marconi Perillo tem vários nomes apresentados para a disputa. Como o senhor avalia essa situação?

Cada um dos partidos que compõem a base do governo teve a mesma liberdade e vêm trabalhando e apresentando nomes. Nesse momento existem vários partidos com nomes. Existe uma discussão para saber se deve se unificar em um nome para representar a base ou se faria isso no segundo turno. Hoje tem a tese crescente, forte, de que essa união deve acontecer no segundo turno, até pelo tempo curto de campanha em que você ter um maior número de candidaturas vai enriquecer o processo eleitoral.

O senhor tem um conhecimento abrangente da cidade pelos cargos que já ocupou, pela sua participação na elaboração do Plano Diretor e, inclusive, pela dissertação de Mestrado que apresentou. De que forma o senhor pode colocar esse conhecimetno em prol da cidade?

Eu costumo dizer que para cada desafio de gestão temos que lançar sobre ele três olhares. Temos que analisá-lo sob três pontos de vista diferentes: o ponto de vista técnico, de quem estuda, é especialista da área; o ponto de vista prático, de quem lida com o problema, trabalha com ele; e o ponto de vista de quem sofre com ele, o usuário. Por exemplo, você tem o estudioso da saúde pública, o enfermeiro, o médico que atende no Cais [Centro de Assistência Integrada à Saúde], e você tem o usuário do SUS [Sistema Único de Saúde]. Cada um deles enxerga o problema de uma forma. Compete a mim como político e a toda a estrutura partidária dialogar com todos esses pontos de vista e construir um plano de trabalho, um plano de governo, que contemple de forma eficaz a solução desse problema.

Nós estamos fazendo um estudo profundo, um diálogo muito abrangente de cada questão da cidade, os principais desafios do município de Goiânia, para a gente apresentar para a população de forma eficiente, eficaz, como resolver Goiânia para ela se tornar um lugar melhor de se viver.

Apesar de já ter ocupado vários cargos públicos o senhor ainda é desconhecido de uma grande parcela da população. Como reverter esse quadro até as eleições?

Todas as pesquisas até agora não avaliam intenção de voto. As propostas não foram apresentadas. Ela avalia o grau de conhecimento que cada um tem dos pré-candidatos, dos nomes que foram colocados, que podem até vir a ser candidatos ou não. É um momento que antecede a campanha. Na campanha propriamente dita é quando vou me apresentar à população, vai ter programas de televisão, as visitas às bases de cada vereador, visitas às associações e segmentos organizados da sociedade de Goiânia. Então nesse momento vou apresentar minhas ideias. Claro, eu largo com um número menor de pessoas que me conhecem, mas aí vou ter minha oportunidade de me apresentar e até o final da campanha eu tenho a expectativa de estar em uma situação bem diferente da atual.


O senhor já disse em outras ocasiões que Goiânia precisa de uma reforma profunda em seu modelo administrativo. De que forma isso deve ser feito?

Hoje Goiânia faz uma administração muito desconectada da população, da vontade popular. Precisamos transformar Goiânia em um modelo de cidade inteligente. Precisamos nos apropriar, utilizar de ferramentas de comunicação direta com a população para isso.Mas também o formato de modelo de gestão – eu falo muito de governança – nós precisamos descentralizar a gestão, regionalizar as ações. Na medida em que a gente descentraliza, a gente aproxima a administração municipal do cidadão. Ao mesmo tempo vamos fazer isso de uma forma mais eficaz, mais moderna, usando os meios de tecnologia, mas acima de tudo da visão de que a cidade tem que estar a serviço do morador, e não o contrário.

O morador não é simplesmente o morador que paga conta. Tem que haver a visão de que ele é usuário da cidade e ela precisa serví-lo com saúde, transporte, qualidade, oportunidade de crescimento, de estudo, de emprego, de desenvolvimento, e tudo isso com sustentabilidade. Então o modelo de gestão que eu falo é esse, um que se aproxime do principal agente da cidade, que é o cidadão.


O senhor tem mantido conversas com outros partidos a respeito de coligações? Como está o andamento das negociações?

Tenho conversado com todos. Vamos entrar nessa etapa de estreitar mais a conversa. Os partidos estão conversando comigo e estão conversando com os outros também. Então diálogo tem bastante, e a partir de agora, nessa segunda quinzena de julho, nós vamos amarrando a conversa e aí acredito que vamos estar acertando o nome do vice, das convenções. Então nesse momento não tem acerto ainda.


E quanto a estrutura da campanha, como deve ser?

Essa é a parte nova da campanha. Eu imagino uma campanha sem dinheiro, sem interferência do poder econômico, e a minha será a mais franciscana de todas, até pelo candidato ser Francisco. Vamos trabalhar a criatividade e as boas ideias. Não teremos facilidade do ponto de vista econômico.


O senhor acredita que carrega algum diferencial pelo fato de ser o candidato mais ligado à religião?

Vou responder o que eu sempre digo, porque eu realmente acredito nisso: não a religião em si, o fato de eu ser católico ou evangélico, mas a capacidade de acreditar, de crer, de ter fé. Eu acredito que a fé faz a pessoa ser uma pessoa melhor. O médico com fé é uma pessoa melhor. O pedreiro com fé é um pedreiro melhor. O pai de família com fé é um pai de família melhor. Então eu creio que um político com fé é um político melhor.


Quando o senhor fala em fé, fala no sentido religioso mesmo.

Sim, de acreditar em Deus, acreditar nas pessoas, que temos uma função nesse mundo, que temos que cumprir um papel.


E o senhor não teme que esse discurso afaste quem seja de outras religiões que não a sua ou aqueles que não professam nenhuma?

Não acredito nisso porque a minha prática não é excludente. Já fui vereador, secretário, presidi a Câmara. Como secretário eu coordenei a elaboração do plano diretor, então eu discuti com todos os segmentos da cidade de Goiânia na época. Sou deputado em um segundo mandato, convivo com pessoas de pensamento diferente, e não apenas no aspecto religioso, mas em várias situações. Então sou um homem que sabe dialogar e respeitar profundamente aquele que pensa diferente de mim. Acredito que ser religioso agrega, independente da regligião. Agrega valor, porque tem valores claros que eu defendo, da mesma forma aquele que é evangélico, aquele que é espírita, aquele que é busdista. Isso agrega valores, e hoje nós vivemos em uma crise de valores. Precisamos de valores que norteiem nossas ações.


O senhor carregou, principalmente na campanha para deputado, a bandeira da renovação. Que renovação é essa que o senhor defende?

Falo de renovação principalmente de práticas, de ideias, em um amplo sentido. Naturalmente, a minha primeira campanha veio de uma ligação que eu tinha com a renovação carismática, então ela tem mais de um significado, mais de um sentido. Mas ela propõe uma saída, um avanço. Vejo a renovação como tornar novo aquilo que existe. Você não despreza aquilo que existe. Não estou falando de descartar tudo. O olhar da renovação é aquele em que você identifica o que é bom e deve continuar e identifica aquilo que não está tão bom e deve melhorar ou ser substituído. Esse é o olhar da renovação que eu acredito.


O nosso prefeito atual iniciou seu segundo mandato fazendo grandes investimentos nas rotas cicláveis em Goiânia. O senhor, caso eleito, deve dar continuidade a esse trabalho?

As ciclovias precisam acontecer. Discordo que ele tenha investido bastante. Ele investiu. Quando a gente fala em ciclovias, ciclofaixas, existem dois aspectos: você tem a bicicleta como modal de mobilidade, odne ela vai colaborar com a mobilidade do cidadão na cidade – e nesse caso houve pouco investimento. E você tem a bicicleta como um ponto de aglutinação, uma oportunidade de lazer para a família no fim de semana, e aí, sim, houve algo mais expressivo, que é uma tendência nas grandes cidades. Quando você cria uma zona pr´ropria de bicicleta para o pai sair com a família e dar uma volta no Lago das Rosas, ir de um parque a outro, ela tem uma importância. Mas do ponto de vista da mobilidade, o que foi feito até agora foi muito pouco porque eu enxergo a bicicleta como uma possibilidade de tirar um ônibus do cidadão que precisa. Então ele pode pegar a bicicleta na casa dele, ir até o terminal, por exemplo, ele deixa de pegar um ônibus, guarda sua bicicleta em um local adequado para ficar em segurança, pega um ônibus, depois quando volta ele pega a bicicleta e elimina mais uma vez um ônibus. Então facilita seu deslocamento na cidade. Nesse sentido eu vejo que Goiânia avançou muito pouco ainda.


Principais projetos

– Descentralização da máquina pública municipal

– Unificação da gestão de trânsito e de transporte na cidade

– Subsídios para o transporte coletivo

– Investimento na agilização do atendimento no sistema de saúde

– Priorização dos programas de saúde preventiva, de controle de endemias e controle de doenças crônicas

– Implantação de um amplo sistema de monitoramento por câmeras de vigilância na cidade