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Vítima de racismo por gostar de ler, menino recebe doação de livros em Salvador

Dono de um perfil sobre literatura nas redes sociais, Adriel Oliveira, de 12 anos, receberá…

Dono de um perfil com mais de 650 mil seguidores, o baiano Adriel Oliveira, de 12 anos, escreve resenhas de livros e indica títulos (Foto: Divulgação)

Dono de um perfil sobre literatura nas redes sociais, Adriel Oliveira, de 12 anos, receberá uma doação de livros da Academia Brasileira de Letras. O morador de Salvador, que escreve resenhas e indica títulos em seu perfil no Instagram, virou notícia no última após receber uma mensagem racista de uma pessoa não identificada.

As ofensas foram divulgadas pelo próprio Adriel em sua conta, que até no último sábado (30) tinha mais de 650 mil seguidores.

“Acabei de falar com ele por telefone e gostei muito (de Adriel)” disse o presidente da Academia Brasileira de Letras, Marco Lucchesi. “No momento, ainda não definimos quantos livros vamos doar. Mas vamos ver se podemos caprichar”.

Aluno no 7º ano do ensino fundamental, Adriel contou ao GLOBO que vendeu a maior parte dos 180 livros de sua biblioteca pessoal por conta da situação financeira da sua família. Desde então, tinha dado um tempo em suas resenhas.

Após retomar sua atividade no perfil na última semana, foi surpreendido por uma mensagem anônima. “Eu achava que preto era pra estar cavando mina, não lendo. Para de ser trouxa e volta para a sua realidade. Você foi criado para ser preto e pobre”, dizia o texto.

Em resposta, Adriel denunciou o caso em sua página e publicou uma resposta: “Aprende a escrever, cara. Isso não é um insulto, e sim um conselho. E em pleno século 21, pessoas ainda são racistas? Atualizem-se. Insultos acabam com o psicológico de pessoas fracas, esse tipo de coisa não me abala em nenhum ponto. Aliás, tenho orgulho de ser negro”.

Lucchesi definiu o episódio de racismo contra Adriel como “vergonhoso”. “É algo que revela a indigência do tempo atual. Mas Adriel responde como um menino corajoso e um leitor capaz de com seu próprio exemplo responder através dos instrumentos da Cultura e da inteligência” diz o acadêmico.

Adriel conta que não tem preferência por livros, pois todos são “fonte de conhecimento”.