CASO HIDROGEL

Acusados de matar por uso de hidrogel são mandados a júri popular

A justiça entendeu que Raquel Policena e Fábio Justiniano devem ir ao banco de réus…

A justiça entendeu que Raquel Policena e Fábio Justiniano devem ir ao banco de réus do Tribunal de Justiça de Goiás. Os dois são acusados de aplicar hidrogel nas nádegas de Maria José Medrado de Souza Brandão, 39, e provocar a morte da mulher, em 2014. Segundo ficou comprovado, também são acusados de exercer medicina e biomedicina de forma indevida. A data do júri não foi agendada e a decisão é passível de recurso.

(Foto: Reprodução/Globo)

O juiz Jesseir Coelho de Alcântara proferiu a pronúncia ao Júri Popular na manhã dessa terça-feira (24). Segundo a peça de acusação, com base no exame cadavérico, o hidrogel aplicado nas nádegas chegou aos pulmões da vítima. “O fato de se detectar substância estranha obstruindo vasos sanguíneos pulmonares permite afirmar que essa substância foi injetada no intravascular (vaso sanguíneo),” narra o documento.

Ainda não há data prevista para a realização do júri, já que há possibilidade de a defesa entrar com recurso. Os dois respondem por homicídio por dolo eventual; exercer a profissão de medicina de forma indevida; falsificar produto destinado a fins medicinais; não possuir registro sanitário para o local que realizava os procedimento, entre outros crimes.

O juiz entendeu que os dois suspeitos não demonstraram necessidade de serem mantidos presos durante essa fase processual e optou por manter ambos os acusados em liberdade.

(Foto: Reprodução/Globo)

A aplicação do produto que prometia aumentar o tamanho do bumbum custava R$ 3,9 mil e era feita em um hotel do Centro de Goiânia. Pacientes, à época da investigação e durante o processo que apurou a morte de Maria José Medrado, disseram que havia fila de mulheres para ser atendidas pelo casal. O valor e a promessa de uma aparência mais bonita fizeram a cabeça de pelo menos 50 mulheres que prestaram depoimentos à polícia, após a morte de Maria José.

(Foto: Reprodução/Globo)

O CASO
Maria José Medrado de Souza,39, morreu no dia 25 de outubro de 2014, no Hospital Jardim América. Ela se submeteu a procedimento estético, denominado bioplastia glútea, com aplicação de Hidrogel Aqualift. Tudo teria acontecido em uma clínica de estética. Segundovo processo, a vítima conheceu Raquel Policena em uma rede social, onde anunciava o procedimento estético.

Raquel Policena, que morava em Catalão, à época do fato, deslocou a Goiânia e se hospedou em um hotel no Setor Oeste, no dia 12 de outubro de 2014. No local, realizou, na companhia do namorado Fábio Justiniano, aplicações de Hidrogel nos glúteos de Maria José e de outras mulheres.

Mas para Maria José, a primeira aplicação não alcançou o resultado e foi preciso realizar uma nova sessão. A vítima se queixava de dores e de inchaço na região. Foi marcado outro encontro, no dia 24 de outubro, em uma clínica de estética no Setor Parque das Laranjeiras. Maria teria sido orientada a usar supercola para estancar o vazamento no orifício deixado pela agulha por onde o Hidrogel foi introduzido no glúteo. Após a segunda aplicação, a mulher já saiu da clínica de estética se sentindo mal; reclamando de falta de ar.
Ao chegar em casa, o estado de saúde se agravou e ela foi levada ao Centro de Assistência Integrada à Saúde (Cais) do Setor Vila Nova. Como o quadro clínico se agravou, Maria José foi encaminhada para o Hospital Jardim América e morreu na madrugada do dia seguinte.