SALTO AZUL

Instrutor autista participa de salto coletivo de paraquedas em Anápolis, no domingo (26)

Ação pode colaborar para que as pessoas se atentem ao autismo, aponta paraquedista

Anápolis recebe salto de paraquedas com instrutor autista e divulgação da causa
Anápolis recebe salto de paraquedas com instrutor autista e divulgação da causa (Foto: Assessoria)

Anápolis vai realizar um salto coletivo de paraquedas, neste domingo (26), para chamar a atenção da sociedade para a causa do Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) – trata-se da segunda edição do Salto Azul. Além disso, um dos instrutores, Nathan Carvalho e Silva, tem o diagnóstico de TEA.

Para ele, esse tipo de evento é muito positivo para chamar atenção para a causa. Nathan lembra que teve o diagnóstico tardio e esse tipo de ação pode mudar esse cenário. “Podem colaborar para que as pessoas que não diagnósticos se atentem a alguns comportamentos”, destaca.

Sobre o salto em si, uma vez que a questão sensorial está ligada ao autismo, ele diz que sempre foi uma pessoa com muito medo. Contudo, quando começou a atividade do paraquedismo conseguiu absorver os “fatores sensoriais” e o medo que o travava no dia a dia foi superado. “Me ajudou no autodesenvolvimento.”

Nathan é formado em Ciências Biológicas e tem mestrado em Ciências Naturais. Hoje, contudo, ele trabalha apenas como profissional do paraquedismo, já tendo mais de 3,5 mil saltos – cerca de 70 por mês.

Salto Azul

Ao todo, sete paraquedistas participam do salto, a maioria profissionais. Eles formarão a palavra “autismo” no ar.

Também participa, contudo, a dona de casa Bruna Mora, de 34 anos, mãe de Asafe Mora, 8 anos, que foi diagnosticado com autismo há sete anos. Será a segunda vez que ela salta. “Acredito que o salto é bem parecido com o que uma mãe enfrenta quando recebe o diagnóstico de autismo do seu filho”, compara.

E completa: “Quando você salta não tem outro jeito, você precisa encarar aquela experiência de frente; é saltar ou saltar. E quando recebemos o diagnóstico é mais ou menos isso. Primeiro, nós damos aquela travada, olhamos para baixo e parece que não vemos o chão, e saltar parece uma loucura, por mais bem orientada que a experiência seja.”

Segunda edição

Trata-se da segunda edição do evento. Ele é uma parceria entre a terapeuta ocupacional e paraquedista Rejane Damaceno e a advogada Mariana Fernandes, mestre em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Goiás (UFG). “Apesar de toda informação circundante nas redes, a sociedade brasileira ainda sabe pouco sobre a condição do autista”, pontua Rejane.

Já Mariana afirma que o salto é uma excelente oportunidade para promover a aceitação e a inclusão. Ela, inclusive, levou o projeto para a área de extensão da UFG em 2022. Depois do salto, o evento, que segue até às 12h, terá palestra sobre maternidade atípica, distribuição de cartilhas informativas, show com a banda Os Imorais, apresentação musical com três jovens autistas e sorteio de brindes.

O salto aproveita o Dia de Conscientização sobre o Autismo, que ocorre em 2 de abril. A ideia é, justamente, ter material para divulgar na data. Vale citar, o TEA é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito e movimentos repetitivos).

Números

Dados do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC) dos Estados Unidos da última quinta (23) revelam que uma a cada 36 crianças norte-americanas de 8 anos é diagnosticada com TEA. No Brasil, ainda não há números oficiais de prevalência do TEA. Porém, quando se usa a porcentagem contida no último relatório do CDC (2,8%), há uma estimativa de 5,9 milhões de autistas no País.