FURA-FILA

Ao menos 20 pessoas fingiram atuar na saúde para se vacinar em Ceres, diz promotor

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) já identificou ao menos 20 pessoas que fingiram atuar…

O Ministério Público já identificou ao menos 20 pessoas que fingiram atuar em hospitais de Ceres para serem vacinadas contra a Covid-19. (Foto: reprodução)
O Ministério Público já identificou ao menos 20 pessoas que fingiram atuar em hospitais de Ceres para serem vacinadas contra a Covid-19. (Foto: reprodução)

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) já identificou ao menos 20 pessoas que fingiram atuar em hospitais de Ceres para serem vacinadas contra a Covid-19 na cidade. Segundo o órgão, os próprios donos das unidades de saúde fraudaram documentos para que familiares fossem imunizados. Investigados podem pagar multa de R$ 50 mil cada pela ‘furada de fila’.

Ao Mais Goiás, o promotor de Justiça Marcos Alberto Rios explicou que o caso foi descoberto após denúncias de moradores da cidade, além de publicações nas redes sociais de jovens sendo vacinados, mesmo não integrando o grupo prioritário de imunização. A partir das denúncias, o MP solicitou a lista dos vacinados no município.

O documento só foi disponibilizado 10 dias após a solicitação. Ao analisar a lista, o promotor percebeu que figuras conhecidas na cidade haviam sido vacinadas de forma irregular. “Fazendeiros, empresários… gente rica sendo colocada falsamente como auxiliar de serviços gerais que atuam em hospitais, mas que na verdade não trabalham nessa função”, disse.

Segundo o promotor, os próprios médicos e donos de clínicas eram os responsáveis pelas fraudes. “Clínicas de oftalmologia e nutrologia, que não atuam no combate à Covid-19, receberam parte das 814 doses da vacina contra o coronavírus. O erro já começou aí. Os donos desses locais se aproveitaram disso e colocaram os parentes como sendo servidores das unidades para serem vacinados, mas essas pessoas nunca atuaram nos hospitais”, comentou.

Crimes e multa

Ainda conforme o promotor, os donos de hospitais e os ‘fura-filas’ podem responder na Justiça pelo crime de peculato, cuja pena é de até 12 anos de prisão. Ele alega, no entanto, que vai propor um acordo em que os envolvidos terão de pagar R$ 50 mil para não serem processados, assim como ocorreu em Pires do Rio. O valor será destinado ao Fundo Municipal de Saúde.

Marcos Alberto Rios também disse que vai pedir o afastamento da secretária de saúde, Marjuery Seabra, e da coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Heloiza Dias Lopes Lago. “Elas foram no mínimo negligentes, pois são as responsáveis pelo processo de vacinação. Elas podem, inclusive, responder por improbidade administrativa e peculato de desvio”, disse.

O promotor espera que as medidas sirvam de exemplo para evitar a ocorrência de casos semelhantes. “Estamos vivendo uma pandemia e todos querem se vacinar, mas é preciso respeitar as prioridades. Quando você fura a fila, você deixa um idoso morrer”, afirmou.