Despedida

Arquidiocese celebra último adeus a Dom Antonio

A última missa de corpo presente do arcebispo emérito de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de…

A última missa de corpo presente do arcebispo emérito de Goiânia, Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, foi celebrada na manhã desta quinta-feira (2), na Catedral Metropolitana. Durante a cerimônia, padres e bispos participaram de um cortejo em volta da catedral e, logo em seguida, o corpo de dom Antonio foi sepultado na cripta da igreja, aos pés da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora. Cerca de 2,5 mil pessoas, entre fieis, autoridades, religiosos, amigos e familiares, participaram da homenagem, conduzida pelo arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz.

Ele faleceu aos 90 anos, no último dia 28 de fevereiro, em função de um infarto fulminante. Durante a despedida, testemunhos de agradecimento, fé, saudade e esperança pautaram a fala de religiosos e pessoas próximas a dom Antonio.

“Ele carregava na mente e no coração toda a história de Goiás: conheceu não só a vida religiosa, mas a vida política e social do estado. É um vazio que vai ser preenchido com seu lugar no céu. Ele, também, representou para nós um pai e pastor. O lema de seu episcopado Que todos sejam um, mostra que ele carregava consigo este desejo: de que a Igreja estivesse unida”, declarou o arcebispo de Goiânia.

Para os bispos auxiliares da capital, dom Levi Bonatto e dom Moacir Arantes a maior lição deixada pelo arcebispo emérito de Goiânia foi sua dedicação à Igreja, além de sua postura pastoral. “Ele foi um servo bom e fiel no qual o senhor pôde confiar, e seu principal legado, vendo a cerimônia do enterro, foi sua fidelidade à Igreja. Dom Antonio sempre dizia que o mais importante para ele eram as pessoas”, afirmou dom Levi.

Já dom Moacir, apesar do pouco tempo de convivência com o arcebispo emérito, descreveu o seu contato com as pessoas que o conheciam através dos testemunhos, das experiências e de suas obras. “Era um pastor que cuidava da unidade e da comunhão entre as ovelhas. Nas conversas que tivemos, ele sempre dizia isso: da importância de acolher todas as pessoas e de valorizar a contribuição que cada um tem para oferecer à Igreja e para o Reino de Deus”, destacou.

Entre os bispos oriundos de outros dioceses, estava presente dom Guilherme Antônio Werlang, bispo de Ipameri, que foi seu irmão de episcopado e, também, um amigo. “De um lado fica um sentimento de dor, de perda. Por outro lado, um sentimento de louvor, ação de graças e glória a Deus por tudo que ele viveu e realizou a favor dos mais pobres, na defesa da justiça. Ao mesmo tempo, fica uma esperança, pois acreditamos no evangelho que ele pregou, de que Jesus é a ressurreição e a vida”, testemunhou.

Comunidade acadêmica

A PUC Goiás decretou luto na parte da manhã do dia 2 de março, quando as aulas pós-recesso deveriam ser retomadas, para que toda a comunidade universitária pudesse participar das homenagens e da despedida de dom Antonio Ribeiro de Oliveira, que foi grão-chanceler da PUC Goiás e presidente da Sociedade Goiana de Cultura.

Professores, funcionários e alunos participaram da missa de corpo presente, antes do enterro do religioso. Entre os presentes o reitor da PUC Goiás, professor Wolmir Amado, acompanhado da esposa, professora Sueli Amado. Também prestigiaram a cerimônia os pró-reitores Eduardo Rodrigues, Daniel Barbosa, Milca Severino, Helenisa Gomes e Sônia Margarida Gomes.

A vice-reitora da PUC Goiás, professora Olga Ronchi, falou em nome da instituição sobre a importância do legado de dom Antonio. Emocionada, lembrou a atuação marcante do arcebispo durante a construção da democracia do país, pós-ditadura militar. “Ele era um homem de igreja, generoso, e entendia que naquele momento a Arquidiocese de Goiânia deveria levar a universidade, então Católica de Goiás, a um processo de revisão e reestruturação juntamente com o padre José Maria. O projeto UCG trouxe para a universidade novos tempos”, afirmou a professora.

Entre os marcos da atuação de dom Antonio estão o reforço da identidade como instituição católica e comunitária, comprometida com os mais excluídos. “A PUC tem a marca da inclusão desde a sua origem, mas com dom Antonio fortaleceu o compromisso com a cidadania e a construção de um país mais justo. Além de nosso pastor, foi pai dos pobres, dos excluídos, da nossa arquidiocese”.

Autoridades

Presente na cerimônia, o prefeito de Goiânia, Iris Rezende, rememorou a convivência com dom Antonio na década de 60, quando era prefeito e também durante o período em que governou o estado: “fica o amor que ele demonstrava ao seu semelhante. Eu me lembro quando fomos inaugurar o asfalto em Orizona e ele me deu um abraço dizendo que não esperava que o asfalto chegasse na sua terra. Tive uma convivência muito próxima e estou solidário à população de Goiânia neste momento em que todos estamos reverenciando sua vida”, disse.

Já o governador em exercício, José Eliton, destacou que seu legado e sua história deixam marcas importantes para Goiás e todo Brasil. “Dom Antonio foi um dos religiosos de maior expressão no país e no mundo, não só do ponto de vista da ação religiosa ou da evangelização, mas, com certeza, uma presença social muito importante: ele tinha um cuidado para com as comunidades excluídas, além da busca de uma palavra de fé e esperança”, afirmou.