Solidariedade

Ato em frente ao Centro de Internação Provisória relembra morte de nove adolescentes

Um ato realizado em frente ao Centro de Internação Provisória (CIP) do 7º Batalhão de Polícia…

Um ato realizado em frente ao Centro de Internação Provisória (CIP) do 7º Batalhão de Polícia Militar no Jardim Europa, em Goiânia, na tarde desta quarta-feira (30), lembra os nove adolescentes mortos durante incêndio no local, na última sexta-feira (25). Ação foi organizada pelo Coletivo Mulheres de Goiás Lula Livre e teve objetivo principal de prestar solidariedade às famílias dos jovens.

Uma das organizadoras do evento, Geralda Ferraz, relata que as famílias não tiveram assistência adequada por parte do Governo. “Nós estamos aqui para prestar essa solidariedade, para além disso, cobrar do Estado uma atitude frente a esse descaso com esse Centro de Internação de menores infratores que precisam ser ressocializados, mas não há esse trabalho”, explica.

Diversas entidades de defesa dos direitos humanos e de organizações de defesa da criança e do adolescente estiveram no ato, onde houve leituras de cartas, poesias, oficina de cartazes manifestos, apresentações e oferta de flores às famílias presentes. Geralda explicou que membros do coletivo estiveram com os parentes das vítimas no intuito de oferecer apoio.

Geralda contou que a mãe de um dos adolescentes estava no ato e que, em entrevista ao Coletivo Mulheres de Goiás Lula Livre, relata que não houve apoio estatal. A mulher disse ainda que seu filho foi enterrado em um caixão de papelão.

A organizadora do evento analisa que o ato teve valor simbólico no sentido de luta por direitos. “Esse ato é um grito. É um modo de dizer para as autoridades que os direitos das pessoas, independeste de quem sejam, existem. As pessoas têm garantias que estão previstas na lei”, conclui Geralda.

Cartazes produzidos durante o ato. (Foto: Maianí Gontijo/Reprodução)

Relembre o caso

O incêndio no CIP aconteceu por volta das 11h30, da última sexta-feira (25). A informação obtida pelo Mais Goiás de fonte que não quer ter o nome revelado é de que o fogo teria sido iniciado dentro de uma cela, em um princípio de confronto entre internos. Um dos adolescentes incendiado um colchão e as chamas de espalharam pelo local.

O Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Gilles Gomes, esteve nas instalações e afirma que o local é inadequado para o serviço socioeducativo. Segundo ele, a Ordem entrou com Ação Civil Pública em 2013 para que o prédio recebesse atenção do poder público.

Gomes ressalta que foi criado um comitê de crises com participação da defensoria publica, OAB e entidades do estado para agilizar apurações e a comunicação com os familiares, que também estão sem informação sobre os internos. “Esse CIP não deveria estar aqui no batalhão. A atribuição da PM é outra. Isso faz com que os acessos dos internos a saúde, educação e outros fatores que permitam a ressocialização e que estão estabelecidos no ECA, não estão sendo cumpridos”.

O Governo de Goiás, por meio da Secretaria Cidadã, informou que as famílias dos adolescentes estão recebendo a assistência necessária após a tragédia. Além disso, a pasta afirmou ainda que as motivações do incêndio estão sendo apuradas.