RACISMO

“Barbárie e reencenação escravista” diz liderança negra sobre homem acorrentado em Goiás

A ativista Janira Sodré, da Rede Goiana de Mulheres Negras, classifica a cena de um homem…

A ativista Janira Sodré classifica como “barbárie e reencenação escravista” um vídeo em que mostra um homem acorrentado em Goiás. (Foto: Reprodução - Redes Sociais)
A ativista Janira Sodré classifica como “barbárie e reencenação escravista” um vídeo em que mostra um homem acorrentado em Goiás. (Foto: Reprodução - Redes Sociais)

A ativista Janira Sodré, da Rede Goiana de Mulheres Negras, classifica a cena de um homem acorrentado pelo patrão na Cidade de Goiás como uma ‘barbárie’. Ela define o episódio como ‘reencenação escravista’. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra um médico debochando de um funcionário com correntes nos pés e algema nas mãos. A Polícia Civil investiga o caso.

Nas imagens as quais o Mais Goiás teve acesso, é possível ver o funcionário acorrentado em um cômodo da fazenda do médico. “Falei para estudar, mas não quer. Então vai ficar na minha senzala”, diz o médico na filmagem.

À reportagem, a ativista Janira lamentou o ocorrido e disse que há muitas questões a serem discutidas a partir do referido caso. Segundo ela, as cenas são fortes e reencenam o ódio colonial e racista, com a teatralização do suplício negro.

“Temos um trabalhador da zona rural, um trabalho que, por si só, já é análogo à escrivadçao. É uma metáfora imagética da oligarquia rural goiana, do coronelismo e da relação entre a medicina, a terra e o poder. Um poder que, inclusive, não tem vergonha de mostrar sua crueldade”, disse.

E completa: “Goiás quer se colocar como Agro, como moderno, mas às custas do que e de quem? O Estado é um celeiro do trabalho escravo. A quem esse trabalho escravo interessa? Quem lhes autoriza a nos desumanizar?” indaga Janira.

Homem acorrentado em Goiás: ativista diz haver encenação de uma relação de amizade

Depois da repercussão nas redes sociais, a Polícia Civil passou a investigar o caso. Durante depoimento, o funcionário disse que o ocorrido não passou de uma brincadeira.

Na visão de Janira, porém, há uma encenação de uma amizade. “É algo que remonta ao período colonial, em que o africano é tratado como “membro da família”, mas as violências continuam ali. Neste caso em específico, vemos a tentativa do médico de transferir a responsabilidade do ato para a vítima, que já foi exposta e humilhada.

Prefeitura emite nota sobre o caso

Nas redes sociais, a Prefeitura da Cidade de Goiás disse repudia qualquer ato de racismo e que o ocorrido causa “profunda repulsa e deve ser objeto de investigação para uma célere instrução e responsabilização nos termos da lei”.

O texto diz, ainda, que a gestão municipal vai acompanhar os desdobramentos da apuração e tomará as medidas de sua competência.